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Criança fica estressada com o quê? (Dia do Psicólogo)

por Clínica da Criança e do Adolescente em 26 de agosto de 2022

É comum ouvirmos que criança não tem motivo para ficar estressada, mas isso não é verdade. As crianças sentem todas as emoções que nós adultos sentimos, só que temos a tendência de achar que o que ela passa não é motivo suficiente para se sentir mal. Então agora vou te explicar o que acontece no cérebro da criança dentro de uma rotina comum:

A criança tem um mundo inteiro que ela tem interesse em explorar, algumas coisas ela não pode, seja por apresentar algum perigo ou ela não ter habilidade necessária ainda, isso gera um pouquinho de frustração. Aí ao longo do dia, ela está brincando e precisa parar para tomar banho, mais um pouquinho de insatisfação. Depois ela precisa ir para a escola e lá ela se sente triste ao despedir dos pais e depois um colega tira o brinquedo de sua mão, gerando um sentimento de raiva. No final da tarde ela volta para casa e o jantar não tinha uma comida que ela gostaria, entra um pouco mais de insatisfação e é o que faltava para ela bater no prato e dizer que odeia aquela comida.

Aí os pais, muitas vezes, tentam demonstrar para a criança que aquele comportamento é inapropriado, explicam que aquela comida é gostosa e ela não pode reclamar enquanto muitas famílias não possuem o que comer.

Agora notem o seguinte: ela não está demonstrando uma explosão emocional somente por causa da comida, mas o acúmulo de situações que aconteceram ao longo do dia que sobrecarregam o sistema emocional da criança, fazendo com que ela perca totalmente a sua capacidade racional. Por isso, quando uma criança demonstra sinais de estresse em alto nível, muitas vezes não é somente uma coisa, não sendo muito efetivo resolver aquele problema pontual, ela precisa descarregar tudo o que ela sentiu para conseguir voltar a ser uma criança cooperativa, feliz e inteligente novamente.

Ah, mas como eu faço isso? Meu filho está chorando com frequência e dando umas surtadas.

É preciso ter uma atenção à rotina da criança, para buscar conversar sobre questões pontuais quando ela estiver se sentindo bem e desenvolver momentos de maior conexão. Mas, se ela já explodiu, tente ir com ela a um lugar reservado, não fale muito, mantenha a criança segura, tente buscar o contato olho a olho e desenvolver a escuta. Ela pode falar coisas que não façam sentido, não é o momento de explicar ou querer entender, apenas escute e demonstre atenção.

Não peça para a criança parar, não demonstre nervosismo, mostre para ela que você está com ela e entende que ela está passando por algo difícil. Depois de um certo tempo, vai depender de cada criança e de quanto de tensão ela possui, a tendência é ela se acalmar e procurar contato visual, falar sobre um assunto totalmente diferente daquele que iniciou a explosão emocional.

Não é necessário retomar o assunto ou pedir à criança para justificar a sua ação. Ela estava tão estressada, que o seu corpo achou esse caminho para pôr para fora. Dependendo da idade da criança, ela vai explodir de forma mais verbal, outras vão reagir com comportamentos rígidos (demonstrando pouca ou nenhuma cooperação), outras podem começar a ter atitudes que sabem que são proibidas, chamamos de ações que demonstram que a criança precisa de limite e proximidade, mesmo que ela esteja pedindo o oposto.

Então, sim, crianças ficam estressadas, isso é um processo fisiológico do nosso organismo, não é exclusivo de adultos. Lembrando que a inteligência emocional só é desenvolvida por volta dos 20 anos, então não espere que uma criança de 10 anos, chegue em casa falando sobre os seus problemas e com a capacidade de encontrar sozinha as suas soluções. Ela precisa de adultos atenciosos e amorosos para que ela libere os sentimentos desconfortáveis e volte a conseguir organizar os seus pensamentos racionalmente..

Agora quando acontece algum evento que a criança passa por algo muito traumático, ou que a família não consegue apoiar emocionalmente,ou é observado retrocessos ou o não desenvolvimento de certas habilidades, pode ser que ela precise de ajuda profissional, para que ela volte a se sentir segura e confiante para demonstrar os seus sentimentos.

Se estiver precisando de ajuda, temos a psicóloga Luane aqui na Clínica, especializada no público infantil, proporcionando um apoio importante às famílias.