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Páscoa: como controlar o consumo de chocolate das crianças

Por Dra. Fabiana Salgado – Nutricionista da Clínica da Criança e do Adolescente

A Páscoa chegou e junto dela os ovos de chocolate. Mais importante do que escolhas 100% saudáveis são a construção de uma boa relação com os alimentos, entendendo que nossa saúde resulta do hábito diário, da nossa rotina, não da exceção. Curtir o seu chocolate favorito é um privilégio que merece ser saboreado.

As crianças ainda muito pequenas não possuem expectativas quanto à data, e podemos poupá-las da apresentação precoce ao doce pelo maior tempo possível. No mínimo até os 2 anos. Isso porque nessa fase estão se formando as papilas gustativas e, quanto mais doces os sabores conhecidos, mais açúcar será necessário para a sensação de prazer que um docinho nos traz. É também até os 2 aninhos que a matriz do sistema imunológico do bebê se forma, a partir da composição de microbiota intestinal, que deve ser o mais variada possível! Quando oferecemos açúcar, favorecemos a proliferação de bactérias ruins e de uma microbiota menos variada. O hábito do açúcar no paladar e a microbiota que pede mais e mais açúcar são um prato feito para a seletividade alimentar. Um coelhinho de pelúcia ou simplesmente curtir o dia juntinho da família e até aquela tradicional bacalhoada fazem bem mais sentido do que ovos de Páscoa para os bem pequenininhos.

Mas vamos falar das crianças maiores?

Muitos de nós, adultos e crianças, ganhamos peso na pandemia. Vale lembrar que não é no dia da Páscoa que você resolverá essa questão, e sim reestruturando o hábito diário.

Você provavelmente já sabe que quanto maior o teor de cacau do chocolate, melhor sua qualidade nutricional. Mas de que adianta se você não gostar? Você até pode buscar desenvolver o seu paladar para curtir esse tipo de escolhas, mas seu filho vai gostar de ganhar um ovo 70% cacau? Hum… Sei não, hein?!

Se for o caso dele, ótimo. Mas se não for, que tal uma trégua?

Não precisamos fazer uma cesta com 2, 3, 4 ovos de Páscoa ou mais para cada criança da casa, mas podemos caprichar e dar sim aquele ovo esperado, escolhido, e valorizarmos a oportunidade de estarmos juntos, de termos acesso a uma iguaria tão gostosa e curtir o momento sem culpas. Se você já sabe que tem vovó, vovô, dindinha… Todo mundo presenteando o pequeno, que tal deixar o seu ovo pra lá e entregar os deles? Economia pra você e menos exagero de chocolate!

Depois que a farra foi feita, uma boa estratégia é armazenar o chocolate picado num pote de vidro de acesso comunitário em vez de só da criança. Dividir por mais gente e ao longo dos dias tá valendo! Tirar os ovos do quartinho da criança também pode ser uma boa ideia. Você também pode congelar e usar o chocolate futuramente em receitas, como mousse de chocolate, por exemplo, bolos, biscoitos e pavês.

O importante é viver a data em seu pleno sentido e não trazer à tona assuntos como insatisfações corporais nem criticar um possível sobrepeso da criança. Ficar vinculando as coisas gostosas como o chocolate e o dia de festa sempre a isso é bem chato e tem péssimas consequências.

Bom, agora só me resta te desejar uma Páscoa incrível junto aos seus, na torcida pela saúde de vocês e do mundo todo, curtindo sem culpas o seu ovo preferido. Deixa o cacau 70% pra outro dia, vai?! 😉

Clínica da Criança e do Adolescente, a saúde do seu filho sob controle.