Dicas para uma introdução alimentar de sucesso!

Por Nutricionista Fabiana Salgado | CRN9 22950

Chegou a tão aguardada introdução alimentar! A fase é de muitas descobertas tanto para os bebês quanto para os pais. A orientação nutricional é muito importante neste momento para que todas as escolhas sejam feitas corretamente. É por isso que a nossa nutricionista, Fabiana Salgado, preparou um super guia com dicas para introdução alimentar.

Continue a leitura e descubra como fazer essa transição tão deliciosa.

A dengue tem vacina!

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

PARTE 1) ERA UMA VEZ : O AEDES É O BICHO!

Era uma vez um mosquito chamado Aedes aegypti, que vivia feliz em sua terra natal na África (principalmente no Cairo, Egito, porque era um grande porto e o Aedes gosta de gente). Estava tudo bem até ele entrar de gaiato no navio (as caravelas das Grandes Navegações) rumo às recém-descobertas Américas a partir do século XVI.

As pessoas estranharam a mudança de ambiente, mas o Aedes rapidamente se esqueceu das pirâmides e dos faraós e se sentiu em casa. O clima quente e extremamente úmido desaconselhava o uso de roupas, e o mosquito encarou aqueles nativos e colonizadores praticamente nus como um convite a um banquete, e se esbaldou. Cresceu, se multiplicou, sua descendência prosperou, e assim se passaram muitos e muitos anos.

No começo, a febre amarela era a principal doença transmitida pelo Aedes, mas sobre isso já escrevemos (leia aqui).

Os primeiros relatos de dengue no Brasil datam do final do século XIX, mas o primeiro registro laboratorialmente confirmado do vírus no país aconteceu em 1981-1982, em Boa Vista (RR). Depois, em 1986, houve breves epidemias no Rio de Janeiro e em algumas capitais do Nordeste, entre elas Salvador. Não por acaso as duas primeiras capitais do Brasil e grandes destinos turísticos (Carnaval, praias, etc.), as mesmas onde a febre amarela também havia feito estragos.

Daí pra frente a coisa explodiu, e virou o que sabemos. A dengue faz parte da paisagem como os engarrafamentos, os buracos e os flanelinhas. A questão não é saber “se”, mas “quando” você vai se deparar com ela. Mas, afinal, o que é a dengue?

PARTE 2) DENGUE: QUE BICHO É ESSE?

A dengue é uma doença infecciosa provocada por um arbovírus e transmitida pela picada do Aedes aegypti. Existem quatro sorotipos de vírus da dengue, e a infecção por um deles não imuniza contra os outros, pelo contrário, a reinfecção (= pegar de novo) é de altíssimo risco, como você vai ler (eu espero!) abaixo.

Todo mundo que pegou fala invariavelmente a mesma frase: “foi a pior coisa que eu já tive”. Os relatos são tipo “eu estava esperando o ônibus/ no supermercado/ no trabalho/ no clube e de uma hora pra outra comecei a ficar doente”. Muita febre e muita dor em tudo (cabeça, corpo, olhos, abdominal – os índios chamam a dengue de “febre quebra-ossos”). Prostração, fraqueza, vômitos, diarreia e perda do apetite (e de qualquer forma de vontade, dizem os acometidos) também são sintomas comuns.

Nessa primeira fase, a pessoa não tem anticorpos, e os vírus se divertem. É o dia da Caça, e vai rolar a festa, vai rolar. Felizmente, a festa dura pouco (pra quem não é afetado): após aproximadamente cinco dias o corpo já produz anticorpos em quantidade suficiente para debelar a infecção em grau significante, e os sintomas retrocedem. Ufa, a festa acabou, que bom… mas só que não!

Daí, chega a Cura, prepara, que agora é hora: o corpo produz anticorpos. É o dia do Caçador. Só que ele chega atirando pra todo lado. Como há vírus (ou fragmentos deles) em toda parte, o tiroteio é grande. E os estragos disso são comparáveis à passagem dos Vingadores “salvando” Nova York.

Além da coceira (descrita como incoçável, perdão pelo neologismo), vêm as complicações.

A intensa reação inflamatória provocada pelos vírus da dengue e pela reação desenfreada do sistema imunológico resulta numa agressão ao nosso próprio corpo, com lesão de vários órgãos através de uma vasculite generalizada (processo inflamatório dos vasos sanguíneos), inclusive com destruição das plaquetas e sangramentos de variados graus, desde minúsculos (as pintinhas na pele, as petéquias) até difusas, com hemorragias incontroláveis. Nos casos graves, há várias complicações resultantes dessa inflamação geral, e muitas vezes ocorre o óbito. Daí as tristes estatísticas dos noticiários.

Em qualquer uma das fases, é sempre importante a hidratação, e é pesada: aproximadamente 70 ml de líquidos por kg de peso por dia, para “diluir” a inflamação e evitar problemas renais. Isso dá em média 5l para um homem adulto, aproximadamente 2x a média diária, o que é água que não acaba mais. E não é fácil manter essa disciplina (com as crianças é ainda pior, porque elas não entendem).

Alguns remédios são contra-indicados (AAS e antiinflamatórios). Mas não vou exaurir o assunto, senão esse artigo não termina. Consulte o seu médico (e não o Dr Google).

Para evitar ser picado, o negócio é andar vestido com roupas longas (falar é fácil…), usar ventiladores e repelentes, e acabar com os criadouros (vasos, pneus, acúmulos de água parada em geral). Você pode se proteger, mas se olhar pro lado vai ver que uma andorinha voando sozinha não faz verão. Se não houver uma ampla conscientização, não rola. Cuidemo-nos um por todos, ou morreremos todos por um!

E atenção para a notícia pouco divulgada: a dengue TEM vacina!

A vacina contra dengue (DENGVAXIA®) é indicada para pessoas acima de nove anos (sem limite superior de idade) . Atua contra os quatro tipos de vírus da dengue, mas não confere 100% de imunidade contra eles (em média, ~74% de proteção). Contudo, tem uma grande eficácia na prevenção da forma grave (=hemorrágica) da doença, que é o que realmente importa.

Por uma limitação do Ministério da Saúde a vacina só deve ser aplicada em quem já teve dengue pelo menos uma vez. A reinfecção (=pegar de novo) nesses pacientes seria de altíssimo risco, e a vacina é e melhor proteção. Longe de ser a ideal, é a que temos.

A excelente e promissora vacina em estudos da Fundação Oswaldo Cruz, que seria 100% eficaz contra os quatro sorotipos e em dose única, dorme deitada eternamente em berço esplêndido na escuridão de uma gaveta à espera de verbas para pesquisa científica na FIOCRUZ. E não parece haver príncipe encantado no futuro próximo que a brinde com seu dote orçamentário.

Informe-se mais com o seu médico e termine essa história com um final feliz. Vacinas são sempre legais!

Somos a maior clínica de vacinas de JF e região. A IMUNOVIDA é a Divisão de Vacinas da Clínica da Criança e do Adolescente, com todas as vacinas para crianças e adultos, na ativa desde 1996!

Clínica da Criança e do Adolescente e IMUNOVIDA. Parceria para toda a vida!

Uma breve história do Mundo – as doenças e as vacinas

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

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A História é velha e sempre se repete. Primeiro, como tragédia. Depois, como farsa. 

Doenças antes controladas estão voltando à cena (febre amarela, sarampo). E, como sempre, algumas pessoas (sempre!) morrem: bem-vindo ao universo das doenças e das estatísticas de mortalidade, parecido com o que se confunde com Sorte ou Azar. E haja História!

Dizem que a História é um profeta com o olhar voltado para trás. Se for assim, vai acertar todas porque, historicamente, a Estatística não tem erro.  Redundante por Natureza!

Ainda que admita limites e derivadas, a Estatística é o mundo dos dados, e eles são cruelmente frios e insensíveis. Temos X pessoas = temos X dados. Nesse caso, os dados não têm face ou identidade, são apenas números (já viu um dado ?). E  o conjunto deles forma um número  do qual se extraem  outros. Que funcionam como novos dados, e assim sucessivamente.  E segue o jogo!

A estatística rege o Mundo e é aplicável a tudo: bolsa de valores, acidentes em rodovias, biologia, eleições, etc. No nosso caso, nos interessam as doenças. X pessoas = X dados = 02 números. Sim ou não, par ou ímpar, vermelho ou preto.  E os dados são terrivelmente implacáveis.

A Morte, que antigamente usava capuz e foice, deu um up mas não perdeu o rigor,  e continua matando. Hoje ela se traveste invisivelmente na internet, entre planilhas de Excel e aplicativos de celulares. Muita gente, muitos dados. E a fila tem que andar!  

Imagine uma epidemia de uma doença qualquer (nem é preciso uma imaginação fértil para isso, convenhamos, às vezes é até difícil escolher entre elas…) com 1% de mortalidade (um dado que, estatisticamente, é significativo). Ou seja, a cada 100 pessoas, “só”  uma morre. Aquele 1% vagabundo… Tudo bem, né? . Claro…. desde que não seja eu!

Esse é um probleminha pessoal que a Estatística tem: ela não vê as várias faces dos dados, só vê números. Números não são pessoas (são dados). E aí as pessoas confundem as coisas (já os dados, não).  Você é um número, lembra? Mas tem gente que não entende isso…

Quando se diz que tal doença mata tantos por cento dos pacientes, estamos falando de números (ou de você?). Sempre que há doenças, há estatísticas. E sempre tem alguém que serve de dado. Par ou ímpar?

Veja a coisa por outro lado. Se a doença tem 1% de mortalidade, quer dizer que, estatisticamente, todo mundo que pega a doença tem 1% de chance de ser aquele 1% vagabundo que vai morrer. Porque, a cada 100, um morre. E pode ser você!

Os 99% sobreviventes seguem vivos lamentando o 1% que morreu. Mas esse 1% está 100% morto. Frio, estático e estatístico: matemático. Sem pêsames ou cerimônias. Simples assim. 

As exceções fazem as regras, e a regra é clara, Arnaldo: jogo que segue!

Einstein dizia que o Universo não joga dados. A OMS diz que o movimento antivacinas é uma das 10 maiores ameaças à saúde global. Fique de olho no cartão vacinal!

Quem não conhece a História está condenado a repeti-la, dizem as más-línguas. E a Estatística também!

A Imunovida oferece vacinas mais completas e seguras que as do SUS. Consulte o seu médico e confira: temos vacinas para todas as idades!

Clínica da Criança e Adolescente & Imunovida. De olho na sua história e no seu futuro.

Ouça aqui uma música super legal sobre essa história toda:

Quer saber mais sobre esse assunto? Confira a matéria “Como a humanidade enfrentou as epidemias ao longo da história“, publicada pelo Viva Bem.

Intolerância à lactose em pediatria

Por Dr. Willian José Araujo Pereira | CRMMG 42385

A intolerância alimentar é uma reação adversa que depende de características individuais e ocorre como resultado de mecanismos patogênicos não imunológicos.

A intolerância à lactose é uma queixa muito comum no dia a dia do pediatra e do gastroenterologista pediátrico e que causa bastante ansiedade à família, pois está diretamente relacionada com a alimentação da criança. Quando não há uma orientação correta, a criança fica exposta a restrições dietéticas muitas vezes desnecessárias, o que pode causar sério comprometimento nutricional.

Os termos Alergia à proteína do leite (APLV) e intolerância à lactose não são sinônimos e é muito comum a confusão entre eles. No caso da alergia a proteína do leite de vaca, consiste em uma reação imunológica adversa às proteínas do leite (alfa lactoalbumina, beta lactoglobulina e caseína) que acontece após a ingesta (ou contato) de uma porção, mesmo que muito pequena, provocando alterações no intestino (diarreia com sangue), na pele (manchas, angioedema) e no sistema respiratório (tosse e bronquite, por exemplo). No caso, o tratamento é bastante diferente em comparação à intolerância à lactose.

A lactose é um tipo de açúcar encontrado no leite materno e no leite de outros mamíferos, em quantidades variadas. Quando ingerimos algum alimento que contém lactose, esta sofre ação de uma enzima chamada LACTASE, que é encontrada nas vilosidades das células do intestino delgado. Esta enzima tem a finalidade de quebrar a molécula de lactose em glicose e galactose para sejam absorvidas pelo organismo. Quando há uma deficiência da enzima, a lactose passa rapidamente para o intestino grosso, onde sofre ação de bactérias (fermentação) ali encontradas, provocando mal estar.

TIPOS:

Existem três tipos de intolerância à lactose:

a) Intolerância à lactose primária:

  • Durante os primeiros anos de vida, há grande produção da lactase, visto que o alimento predominante é o leite e seus derivados, mas com o envelhecimento e a introdução de novos alimentos, o leite deixa de ser a principal fonte nutricional e com isso o organismo começa a diminuir a quantidade da enzima e consequentemente torna-se menos tolerante a quantidade maiores de lactose.

b) Intolerância à lactose secundária:

  • Ocorre devido a algum processo que cause danos na mucosa intestinal e redução da atividade enzimática. É muito comum após episódios de diarreias (Gastroenterites), na doença celíaca e determinados tipos de parasitose intestinal.

c) Intolerância à lactose congênita:

  • É uma doença genética muito rara, que foi descrita em apenas algumas crianças na Europa. Há uma ausência total da produção de lactase.

SINTOMAS:

Os sintomas de intolerância à lactose geralmente começam em poucos minutos ou em até algumas horas após a ingesta de alimentos que contenham lactose. O principal sintoma é a dor abdominal que pode vir acompanhada de náuseas e vômitos, diarreia, aumento na eliminação de gases, distensão abdominal, dermatite peri anal (“assaduras”), entre outros. O grau destes sintomas pode variar de acordo com a ocasião.

DIAGNÓSTICO

  1. Clínico:
    É realizada a exclusão da dieta de todos os alimentos que possuem lactose em sua constituição por um período e então nota- se a melhora completa dos sintomas. Mais tarde, novamente esses alimentos são reintroduzidos e há aparecimento dos sintomas novamente. Trata-se do procedimento mais empregado.
  2. Exames laboratoriais:
    Existem alguns exames que podem auxiliar no diagnóstico, que são:
    – Teste Respiratório de Hidrogênio Expirado
    – Mede a quantidade de hidrogênio liberado pelos pulmões. Este gás é liberado devido a fermentação da lactose no cólon.
    – Teste Oral de tolerância à lactose
    – É um exame de sangue que consiste em dosagens seriadas de glicemia após a ingesta de 20 ou 50g de lactose. Durante a realização destas glicemias, espera- se um aumento de cerca de
    20mg/dL em relação ao jejum.

TRATAMENTO:

O tratamento consiste na reeducação alimentar onde deve- se reduzir temporariamente a ingestão de alimentos que contenham lactose e posteriormente realizar uma reintrodução gradativa. Geralmente é o suficiente para a melhora dos sintomas.

Não é recomendado a exclusão total ou definitiva da lactose da dieta, pois além de servir como substrato para a microbiota intestinal, pode causar graves prejuízos nutricionais de vitaminas e sais minerais. Além disto, a maioria das pessoas intolerantes à lactose pode ingerir cerca de 12 g / dia de lactose (equivalente a um copo de leite) sem apresentar sintomas adversos.

Para algumas situações especiais, onde existe a possibilidade de ingerir quantidades de maiores de lactose, existem medicamentos que podem ser utilizados para ajudar a diminuir os sintomas. Estes medicamentos podem ser encontrados em farmácias e estão disponíveis nas mais variadas apresentações e nada mais são do que a própria enzima lactase.

Fonte:

SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria
https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/noticias/nid/intolerancia-a-lactose/

SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo
http://www.spsp.org.br/site/asp/recomendacoes/Rec_61_Gastro.pdf

MATTAR, Rejane; MAZO, Daniel Ferraz de Campos. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo , v. 56, n. 2, p. 230-236, 2010.

Traumatismo Cranioencefálico na Infância

Por Dra. Bruna Luisa Martins Fernandes | CRMMG 59967

Traumatismo Cranioencefálico (TCE) é o nome técnico que se dá quando uma pessoa bate a cabeça.

Por que quando as crianças (principalmente as menores que 02 anos de idade) caem, na grande maioria das vezes batem a cabeça?

Porque nessa idade a cabeça tem um tamanho proporcionalmente grande em relação ao corpo. Assim a cabeça (por ser mais pesada) é projetada mais facilmente, o que provoca mais traumas nessa região.

Durante a infância as principais causas de TCE são as quedas, acidentais ou não, principalmente no primeiro ano de vida. Nos bebês menores que 01 ano de idade a Síndrome do Bebê Sacudido (“Shaken baby”) e outros maus-tratos ou negligências são as causas mais comuns. Já durante a adolescência as principais causas estão relacionadas a acidentes automobilísticos e atividades esportivas.

A maior parte dos traumas cranianos em pediatria é leve, sem lesões cerebrais ou sequelas. Apenas 10% dos casos cursam com complicações graves. As lesões cerebrais no trauma
podem ser classificadas como primárias ou secundárias – as primárias ocorrem no momento do acidente e as secundárias são complicações de lesões primárias.

A radiografia de crânio NÃO é indicada, pois só mostra os ossos e não consegue excluir lesões cerebrais (que são as que realmente importam) se estiver normal , e se alterada indica a realização da tomografia de crânio. Porém, a tomografia deve ser bem indicada, pois seu uso indiscriminado, muitas vezes até nos traumas mínimos, tem sido motivo de preocupação dos órgãos de saúde pela possibilidade da ocorrência de câncer e exposição do sistema nervoso em desenvolvimento à radiação.

Quando levar a criança à avaliação médica?

As crianças abaixo de dois anos de idade devem ser avaliadas com mais cuidado, pois além de terem os ossos do crânio mais “molinhos” (o que predispõe a lesões dentro do cérebro sem manifestação externa de fratura), não conseguem dizer exatamente o que estão sentindo.

Algumas das principais situações que necessitam de avaliação médica de urgência: queda de criança menor de 3 meses de idade; queda de mais de um metro de altura para crianças abaixo de 2 anos de idade e queda de mais de 1,5 metro nas crianças acima de 2 anos; queda de mais de 4 degraus da escada; acidente com bicicleta sem capacete; acidente automobilístico com vítimas; perda da consciência por mais de 1 minuto pós trauma; presença de galos na cabeça, principalmente na região das têmporas e na região de trás da cabeça; sangramento ou corrimento aquoso pelo ouvido ou nariz.

Após o trauma é comum ocorrerem vômitos e isso pode não significar nada mais sério; a criança deve ser avaliada se vomitar em grande frequência dentro de uma hora. Também é muito frequente a criança dormir após bater a cabeça, seja porque chorou ou pelo próprio stress da queda. Você pode – e deve – deixar a criança dormir, e observar seu sono regularmente. Se for difícil acordá-la, deverá ser feita a avaliação médica urgente..

Qual é o período de maior risco para que a criança tenha algum sintoma mais sério após ter sofrido o trauma na região da cabeça?


A grande preocupação após o TCE são os sangramentos, os famosos hematomas. Estes podem ser causados por lesão das artérias ou das veias intracranianas. Quando acontece a lesão da artéria, o sangramento é grande, intenso e causa compressão do cérebro rapidamente, podendo levar a criança à morte. É o que chamamos de hematoma extradural. Nesse caso, a criança é difícil de ser acordada, os vômitos são persistentes e a dor de cabeça progressiva. Ele ocorre mais frequentemente até as primeiras 12 horas após o trauma e, geralmente, é necessária a cirurgia de emergência.

Quando a lesão ocorre na veia, o sangramento é mais lento e menos intenso. É o que ocorre no hematoma subdural. Nesse caso, a criança vai
piorando a cada dia, mas há tempo suficiente para que o neurocirurgião avalie e dê o melhor tratamento para cada caso. A cirurgia pode não ser imediata. Lembrando: ainda existe o edema cerebral (inchaço difuso do cérebro), que também provoca os mesmos sintomas.

Como prevenir o TCE?


Apesar da possibilidade de lesões mais sérias, não há motivo para medo ou necessidade de superproteger a criança, limitando o seu desenvolvimento normal. O mais importante é a prevenção. Crianças devem sempre estar sob supervisão de um adulto, e medidas de segurança devem ser adotadas para minimizar possíveis traumas.

Se seu filho caiu, bateu a cabeça e está bem, sem os sintomas descritos acima, não há necessidade de avaliação médica de urgência, e sim de observação. Na piora do quadro geral e /ou surgimento de algum dos sinais e sintomas acima, procure sempre o serviço de emergência e o neurologista infantil.

Referências:


1 Schunk JE, Schutzman AS. Pediatric head injury. Pediatrics. 2012;33(9):398-411.
2 Parslow RC, Moris KP, Tasker RC, Forsyth RJ, Hawley CA; UK Paediatric Traumatic
Brain Injury Study Steering Group et al. Epidemiology of traumatic brain injury in
children receiving intensive care in the UK. Arch Dis Child. 2005;90(11):1182-7.
3 Brasil. Ministério da Saúde [internet]. Brasília: MS; 2010 [acesso em: 4 dez.
2017]. Disponível em:http://www.datasus.gov.br

Está quente ou está frio?

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

Calma, não é fábula nem lição de moral, muito menos boletim meteorológico: aqui, é física aplicada! Vamos começar de novo?

A LAGARTIXA E O CROCODILO (ou A Forma e o Conteúdo)

Uma das dúvidas mais frequentes das mães (principalmente as de primeira viagem) é sobre a vestimenta dos bebês. Afinal, tá frio ou tá quente?

Está frio, é claro, dizem as avós, e taca-lhe roupa: body, blusinha, jaqueta, agasalho, cachecol, mantas , touca, luvas e meias (naturalmente, porque é pelas extremidades que o frio penetra, né, sempre foi assim)… peraí ! Pausa para a reflexão. 🤔

Durante a pausa você se olha no espelho e se flagra com uma roupa fresquinha ou agasalhos leves, muitas vezes com calçados abertos ou de cano curto, e reflete sobre a imagem: o que há de tudo nesse errado? 🤔

A resposta é simples e sem trocadilhos: muita roupa no seu bebê! É muita forma para pouco conteúdo. A explicação? Os bebês são seres superficiais! 😮😰. E você precisa saber disso, porque é pela superfície corporal que se troca calor com o meio ambiente.

É uma lei da Física: quanto menor a criatura, maior é a sua superfície corporal em relação ao volume (= mais “superficial” ela é). Isso porque ao crescer a superfície corporal aumenta em metros quadrados (m²) e o volume em metros cúbicos (m³), e vice-versa. Ou seja: quanto maior, mais volume e menos superfície. Quanto menor, o contrário.

A ilustração mais auto-explicativa é um dado 🎲. Mas outros não faltam. Quer ver?

Por exemplo, a lagartixa e o crocodilo. A primeira mais se assemelha a um desenho (muita superfície e pouco volume, é quase plana), enquanto o crocodilo parece um charuto mal enrolado prestes a vazar por todos os lados. A lagartixa é pura superfície, e o crocodilo é volume que não cabe em si. A forma e o conteúdo.

Há muitos outros exemplos fáceis. A folha e o livro (esse, sempre com um conteúdo a mais). A sardinha e a baleia. O lençol e o colchão. Ou a linda borboleta (essa é leptosuperficial) e o roliço e suculento chester recheado de conteúdos festivos do qual todos disputam a minúscula pele torradinha.

A relação entre superfície e volume é sempre inversa, e determina várias funções orgânicas. Entre elas a troca de calor: quem tem mais superfície, troca mais calor, como se fosse um radiador de carro, ou uma toalha molhada estendida para secar, ao invés de enrolada e jogada sobre a cama. Mas…onde é que seu filho entra mesmo?

Em tudo isso! O que queremos dizer é que seu filho tem pele (superfície) demais para conteúdo (volume) de menos. Ele é um ser superficial, lembra? Logo, ele troca muito mais calor com o meio ambiente.

Traduzindo em termos práticos, quer dizer que (tirem as avós da sala, por favor) a vestimenta do seu filho deve ser mais radical que a sua! Se você esta com calor, ele está com muito calor. E se você está com frio ele está com mais frio. Simples assim!

O cuidado com a adequada vestimenta do seu filho previne contra lesões cutâneas (assaduras, brotoejas) e também contra situações que representam um real risco à saúde dele (hipotermia, intermação, desidratação).

O seu bebê é o mais puro exemplo de amor à flor da pele. Não deixe que uma coisa tão superficial como uma roupa prejudique o que ele tem de mais importante: o conteúdo. E a troca de calor . ♥♥♥

Clínica da Criança e do Adolescente. Conteúdo e informação estão sempre em moda.