Depressão na infância

Por Luane Vieira, psicóloga da Clínica da Criança e do Adolescente

O sofrimento é algo inerente à vida, e a criança não está isenta de sofrer psiquicamente. Ela sofre e tem sua própria maneira de expressar esse sofrimento.

Muitas vezes a depressão na infância é confundida com timidez, preguiça ou insegurança. Geralmente ouvimos falas como “isso é coisa da idade” ou “ele é tão quietinho, que educado”. É necessário ter um olhar bem atento para não generalizar, obviamente existem crianças mais quietas e nem por isso deprimidas; mas também ter cuidado para não negligenciar essas manifestações.

Enquanto na ansiedade se tem excesso, na depressão vemos o outro lado da moeda: acontece o rebaixamento do humor. Em outras palavras, falta libido (a energia que nos move).

Com a pandemia de COVID-19 as crianças tiveram que se adaptar a uma nova rotina, que abalou muitas delas, contribuindo para uma possível exaustão mental. O que diferencia a depressão dos desânimos naturais do dia-a-dia é a intensidade e persistência dos sintomas; na depressão eles geram prejuízo no funcionamento do indivíduo, seja no âmbito social, seja na forma de sintomas físicos.

Há controvérsias a respeito da depressão infantil. Alguns especialistas acreditam que a depressão na criança tem características muito diferentes da depressão no adulto, enquanto outros dizem que ela se manifesta de forma bastante semelhante. Independentemente disso, estudos mostram aumento nos últimos anos e estima-se que essa doença está se tornando um problema de saúde pública.

Os sintomas mais frequentes são: perda de interesse nas atividades habituais (brincar, ver TV, estudar), choro excessivo, sonolência, fadiga, sentimentos de rejeição e culpa, entre outros.

Você pode ajudar seu filho a se expressar e evitar que as emoções normais virem doença. Estimule a criança a falar o que está sentindo, escute e valide seus sentimentos. Utilize brincadeiras que proporcionem formas de reconhecimento e nomeação dos sentimentos, como desenho, música e livros. Outras opções legais:

Potinho das emoções: encha garrafinhas transparentes de água colorida com anilina. Cada cor equivale a uma emoção. Você pode colocar coisas dentro, como glitter por exemplo. De maneira simbólica a criança reconhece e nomeia as emoções que sentiu ao longo do dia;

Amarelinha das emoções: é um pedaço de TNT com emojis colados. Cubra com papel contact. A criança pula com um pé ou dois na expressão que corresponde ao que sentiu;

Espelho meu: cole carinhas/emojis ao redor de um espelho, pergunte à criança “como você está se sentindo hoje?” de frente para o espelho. Ela irá reproduzir o sentimento.

Observe sempre seu filho e, se notar algo suspeito ou diferente,  procure ajuda profissional. Por meio de brincadeiras e atividades prazerosas, o psicólogo acolhe e auxilia a criança a refletir e entender suas emoções e pensamentos. Em alguns casos, principalmente nos mais graves, é necessária a ajuda de um médico psiquiatra, que poderá prescrever alguma medicação para auxiliar no tratamento. E lembre-se: o tratamento medicamentoso sozinho não é eficaz para a resolução do quadro – é muito importante contar com a ajuda do psicólogo, da família e de todos aqueles que convivem com a criança.

Asma tem cura? O que você precisa saber!

Por Emanuelle Xavier, pneumologista pediátrica da Clínica da Criança e do Adolescente

A asma é uma das doenças crônicas de maior frequência na infância e pode causar grandes impactos na vida do seu anjinho, como perdas de dia de aula, atendimentos em serviços de pronto atendimento, hospitalização, entre outras. Grande parte das crianças com asma desenvolvem sintomas nos primeiros anos de vida, mas nem sempre a sua confirmação diagnóstica é fácil.

Se você tem uma criança pequena em casa, certamente esse artigo pode lhe interessar. Nele, vamos apresentar: o que é a doença, quais são os principais sintomas e como tratá-la. 

O QUE É ASMA?

A asma é uma doença que causa inflamação e estreitamento das vias respiratórias, resultando em crises que se caracterizam pela dificuldade para respirar. 

A asma não tem cura mas tem controle! Suas manifestações podem ser controladas com medicamentos e/ou por meio do controle ambiental, eliminando gatilhos que propiciam as crises.

Existem inúmeros gatilhos que desencadeiam a crise e eles variam de paciente para paciente. Por isso o tratamento da asma deve ser contínuo, individualizado e não somente na crise.

O controle da asma depende de medidas preventivas como: administrar medicamentos inalatórios com técnica correta, evitar os aeroalérgenos como ácaros, fungos e pêlo de gato, cachorro e barata quando a criança tem teste alérgico positivo para esses gatilhos. Além disso, realizar atividade física é uma ótima alternativa para minimizar as crises de chiado.

E qual é a melhor atividade física que o  asmático deve fazer ? A que ele goste! Criança precisa ter prazer em realizar o exercício, somente dessa forma terá êxito!

Portanto, uma vez que a criança manifesta os sintomas, é muito importante que seja feito o acompanhamento com um pneumologista pediátrico

SINTOMAS MAIS COMUNS DA ASMA:

– Dificuldade para respirar

– Chiado no peito

– Tosse seca

– Respiração rápida e superficial

– Dor no peito

– Fadiga 

MAS, ATENÇÃO! Esses sintomas podem ser confundidos com a bronquite, a rinite e a sinusite. Por isso, é importante que o diagnóstico seja feito de forma correta e medidas de prevenção e de controle sejam iniciadas precocemente.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO:

As crianças menores de quatro anos ainda não têm seu sistema respiratório completamente desenvolvido, por isso, é difícil realizar um diagnóstico preciso.

Nesses casos, o diagnóstico é feito pela história clínica da criança e alguns exames podem ajudar como: teste alérgico para os aeroalérgenos (ex: ácaros, fungos e pêlo de gato, cachorro e barata). Para crianças maiores, capazes de soprar sob comando, é sempre bom utilizar a espirometria.

Existem medicamentos inalatórios capazes de prevenir o surgimento de crises, eles atuam diminuindo a inflamação do pulmão. A escolha pela medicação e a dosagem deve ser realizada de forma individualizada, porque cada criança apresenta gatilhos e resposta ao tratamento de forma diferente.

Vale o alerta: Nunca medique seu filho sem orientação médica, porque isso pode atrasar e até piorar o quadro da criança 

A asma é uma doença comum, mas que, se bem cuidada, pode ser controlada. Portanto, a nossa orientação é: mantenha o acompanhamento regular com o seu pneumologista pediátrico! 

Espero que esse artigo possa ter contribuído para o cuidado com o seu anjinho!

E se você ainda tem dúvida sobre a asma ou se o seu filho asmático está sem acompanhamento, venha conversar comigo, terei o maior prazer em atendê-los!

Grande abraço,

Emanuelle Xavier

Pneumologista pediátrica

Clínica da Criança e do Adolescente, a saúde do seu filho sob controle!

“A GRANDE GRIPE” – Um artigo legal sobre a maior pandemia de todos os tempos

Por Dr. Dorian Domingues – Pediatra da Clínica da Criança e do Adolescente

COVID-21?

O ano é 1918. O cenário é global.

A (primeira) Grande Guerra acabara. A Europa em escombros pacificada e iniciando sua reconstrução, os EUA em crescimento e oferecendo ajuda econômica e o Terceiro Mundo rico em recursos naturais e exótico como sempre, cheinho de matérias primas. Tudo para ensejar um mundo perfeito para todos. Mas… Faltou combinar com os vírus.

O que a humanidade não sabia era que o vaivém da guerra circularia uma variante do tradicional vírus influenza, que infectaria literalmente todo o mundo e mataria no mínimo entre 50 e 100 milhões de pessoas (à época não existia computador, e muitos registros com certeza se perderam). Essa doença entrou para a história como a pandemia mais fatal de todos os tempos (até agora): a gripe espanhola. Só lembrando: à época a população mundial era aproximadamente 1/3 da atual. Ou seja, proporcionalmente, a mortalidade era muito maior!

O nome não tem nada a ver com a origem (sobre a qual há dúvidas), a Espanha foi apenas o primeiro país a divulgar em alto e bom tom a pandemia. Sem querer geograficar a doença, os primeiros casos foram nos EUA (Kansas) e os primeiros óbitos idem (Philadelphia).

Daí não importa se o vírus é chinês, japonês, italiano, americano, australiano. O vírus é O Vírus.

A doença que devorou a humanidade se iniciou e teve seu maior pico em 1918 (mais da metade dos casos) e findou em 1920, após supostamente termos atingido a imunidade de rebanho (e a que preço!) ou o vírus ter sofrido uma mutação e ficado mais brando. E as pessoas enfim puderam retornar à vida normal e respirar aliviadas. Mas foram dois anos de muita dor e mortes.

Detalhe cruel, mas importante: a variante do vírus de 1918 gostava de pessoas jovens. Estima-se que 8 a 10% dos adultos jovens da época foram mortos pela doença, o que se chamou de “dupla mortalidade”, considerando-se não só o lado pessoal mas também demográfico da Coisa.

Jabuticaba brasileira: por aqui, a Pandemia interrompeu sua marcha no final do ano de 1918 às custas de milhares de óbitos e apesar da ausência de uma política epidemiológica e pública de enfrentamento. A doença retrocedeu, e a mortalidade subitamente cessou. Ufa, fim do filme, a minha vida de volta! Daí…

Dizem que o Carnaval de 1919 foi um dos mais animados de todos os tempos, seguido de um novo boom de natalidade nove meses após, resultado da comemoração e a consequente pegação generalizada. Mas a ressaca ainda se arrastou pelo mundo até 1920, com uma severa segunda leva de mortalidade.

Durante esses tempos sombrios os cadáveres sobravam sem covas pelas ruas (qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência, é repetição). Hoje o mesmo ritual tétrico de pessoas agonizantes tossindo sangue e ficando roxas entre seus delirantes espasmos febris e queixas de dor se repete, como se o tempo não tivesse passado. Mas passou.

Minha falecida avó presenciou esse tempo e relatava os féretros pelas ruas da cidade.

Há um século atrás a humanidade se virou como pôde e sem informações precisas para conter a pandemia de gripe espanhola e felizmente sobrevivemos. Não faz sentido nos privamos de ferramentas agora.

A Pandemia está aí, e informação é o que não falta. Vamos deixar a COVID em 2019. Senão, ela vira COVID 2020, COVID 2021…

Em tempo: o coronavírus NÃO É um vírus influenza igual ao da gripe, e esse não é um texto sobre nenhuma gripezinha, é só um exemplo histórico de uma devastação por uma pandemia.

A História não se repete como drama, mas como farsa. Ou seja: saber sobre o Passado nos permite avaliar o Presente e escolher melhor o Futuro.

Minha falecida avó viveu até os 92 anos. Espero que a sua também conquiste essa marca.

Um dia seremos História. De uma forma ou de outra.

Clínica da Criança e do Adolescente, cuidando da saúde da sua família desde 1996.

As fontes desse texto são:

A GRANDE GRIPE (JOHN M. BARRY) – premiado pela Academia Nacional de Ciências dos EUA  e considerado oficialmente o livro referência  do país sobre a pandemia; Editora Intrínseca.

1929: a quebra da bolsa de NY (Ivan Sant’Anna) Inversa Publicações.

Violeta Hargreaves Ribeiro (1905-1997, minha avó), edição infelizmente esgotada.

Páscoa: como controlar o consumo de chocolate das crianças

Por Dra. Fabiana Salgado – Nutricionista da Clínica da Criança e do Adolescente

A Páscoa chegou e junto dela os ovos de chocolate. Mais importante do que escolhas 100% saudáveis são a construção de uma boa relação com os alimentos, entendendo que nossa saúde resulta do hábito diário, da nossa rotina, não da exceção. Curtir o seu chocolate favorito é um privilégio que merece ser saboreado.

As crianças ainda muito pequenas não possuem expectativas quanto à data, e podemos poupá-las da apresentação precoce ao doce pelo maior tempo possível. No mínimo até os 2 anos. Isso porque nessa fase estão se formando as papilas gustativas e, quanto mais doces os sabores conhecidos, mais açúcar será necessário para a sensação de prazer que um docinho nos traz. É também até os 2 aninhos que a matriz do sistema imunológico do bebê se forma, a partir da composição de microbiota intestinal, que deve ser o mais variada possível! Quando oferecemos açúcar, favorecemos a proliferação de bactérias ruins e de uma microbiota menos variada. O hábito do açúcar no paladar e a microbiota que pede mais e mais açúcar são um prato feito para a seletividade alimentar. Um coelhinho de pelúcia ou simplesmente curtir o dia juntinho da família e até aquela tradicional bacalhoada fazem bem mais sentido do que ovos de Páscoa para os bem pequenininhos.

Mas vamos falar das crianças maiores?

Muitos de nós, adultos e crianças, ganhamos peso na pandemia. Vale lembrar que não é no dia da Páscoa que você resolverá essa questão, e sim reestruturando o hábito diário.

Você provavelmente já sabe que quanto maior o teor de cacau do chocolate, melhor sua qualidade nutricional. Mas de que adianta se você não gostar? Você até pode buscar desenvolver o seu paladar para curtir esse tipo de escolhas, mas seu filho vai gostar de ganhar um ovo 70% cacau? Hum… Sei não, hein?!

Se for o caso dele, ótimo. Mas se não for, que tal uma trégua?

Não precisamos fazer uma cesta com 2, 3, 4 ovos de Páscoa ou mais para cada criança da casa, mas podemos caprichar e dar sim aquele ovo esperado, escolhido, e valorizarmos a oportunidade de estarmos juntos, de termos acesso a uma iguaria tão gostosa e curtir o momento sem culpas. Se você já sabe que tem vovó, vovô, dindinha… Todo mundo presenteando o pequeno, que tal deixar o seu ovo pra lá e entregar os deles? Economia pra você e menos exagero de chocolate!

Depois que a farra foi feita, uma boa estratégia é armazenar o chocolate picado num pote de vidro de acesso comunitário em vez de só da criança. Dividir por mais gente e ao longo dos dias tá valendo! Tirar os ovos do quartinho da criança também pode ser uma boa ideia. Você também pode congelar e usar o chocolate futuramente em receitas, como mousse de chocolate, por exemplo, bolos, biscoitos e pavês.

O importante é viver a data em seu pleno sentido e não trazer à tona assuntos como insatisfações corporais nem criticar um possível sobrepeso da criança. Ficar vinculando as coisas gostosas como o chocolate e o dia de festa sempre a isso é bem chato e tem péssimas consequências.

Bom, agora só me resta te desejar uma Páscoa incrível junto aos seus, na torcida pela saúde de vocês e do mundo todo, curtindo sem culpas o seu ovo preferido. Deixa o cacau 70% pra outro dia, vai?! 😉

Clínica da Criança e do Adolescente, a saúde do seu filho sob controle.

Ansiedade Infantil: como lidar e aliviar os sintomas nas crianças

Por Dra. Luane Vieira dos Santos – Psicóloga da Clínica da Criança e do Adolescente

A ansiedade é uma emoção comum diante de acontecimentos novos, portanto as crianças não estão imunes. Então, quando devo me preocupar? Em que momento ela se torna um problema? O que fazer? Calma, essas três perguntas serão respondidas a seguir.

Em primeiro lugar, a ansiedade é um termo geral. Pode não parecer, mas a ansiedade é o distúrbio mais encontrado nos pequenos, muitas vezes se confundindo com o TDAH. Quando os sentimentos de angústia, nervosismo, medo e preocupação se tornam intensos e excessivos interferindo na vida cotidiana e de forma prolongada, pode-se dizer que há um transtorno de ansiedade.

Não seria atípico crianças apresentarem comportamentos diferentes durante a pandemia, levando em conta que a saúde mental deles pode ter ficado abalada, já que sua rotina habitual, socialização com outras crianças e a exploração de novos espaços foram afetados pelo isolamento social.

A criança, por estar em constantes descobertas, acaba processando situações e mudanças de forma mais lenta que os adultos, ou seja, ela passa por um período maior de interpretação e adaptação às coisas novas.

Seus sintomas são diversos, dentre eles: mudança nos hábitos alimentares (que podem aumentar ou diminuir), insônia, desatenção, hiperatividade, dores físicas, irritabilidade, impaciência, problemas digestivos, fobias etc.

Mesmo que seja difícil, e é mesmo, os pais ou responsáveis não devem reagir com irritação ou desprezo diante da situação. Se existem dúvidas, o melhor a fazer é procurar um profissional para uma avaliação e, se necessário, para intervenções. A psicoterapia serve para investigar possíveis fontes que possam levar à manifestação de sintomas. O Psicólogo acolherá esses sentimentos de angústia que estão tomando o controle da vida da criança e afetando o seu desenvolvimento.

Em alguns casos é comum ocorrerem crises, e diante desses episódios o que devemos fazer? Primeiramente manter a calma! Em seguida validar os sentimentos dos pequenos, mostrar que estamos lá para ajudá-los e distrai-los com coisas que eles gostam. Conversar de forma clara e breve sobre a situação, pois muitas vezes as crianças ficam mais nervosas por não entenderem o que está acontecendo. Outros métodos que podem ajudar serão descobertos caso a caso durante o processo terapêutico.

Fique atento aos sinais: quanto mais cedo a identificação, mais eficaz é o tratamento, levando a uma vida mais saudável.

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Dacrioestenose Congênita: o que é e como é feito o tratamento

Por Dra. Aline Brasileiro – Oftalmologista da Clínica da Criança e do Adolescente

Dacrioestenose é o nome científico da famosa obstrução do canal lacrimal.

Para entendermos que alteração é essa, primeiro precisamos saber como funciona a produção e o escoamento de lágrimas nos nossos olhos. A lágrima é continuamente produzida pela glândula lacrimal, que fica na parte superior e mais externa da órbita (acima do globo ocular), para lubrificação da superfície ocular. Essa lágrima que é constantemente produzida (produção basal) desce, se espalha nos olhos e em seguida escoa através de orifícios que ficam no canto mais interno das pálpebras, os pontos lacrimais. Esses pontos se abrem num sistema de tubos que vão desembocar na cavidade nasal – esse sistema é a chamada “via lacrimal”.
Simplificando: a glândula lacrimal é o chuveiro que está sempre pingando, a água desce pelo ralo (pontos lacrimais) e em seguida pelos canos (via lacrimal) que levam ao esgoto (nariz).

Agora já dá pra explicar: dacrioestenose é uma obstrução ou estreitamento da via lacrimal; congênita é quando ela vem desde o nascimento.

Quando choramos, abrimos a torneira do chuveiro de maneira que o ralo e o sistema de canos não dão conta de drenar toda a água, então ela transborda e escorre pelo rosto. Também desce mais água pelo cano, o que explica porque quando a gente chora o nariz escorre junto e ficamos “fungando”, não é?

A criança pode nascer com uma obstrução no sistema de drenagem (geralmente lá no finalzinho, já na hora de desembocar no nariz) ou então com alguma malformação mais complexa da via lacrimal. Nesses casos, a lágrima escorre mesmo quando a criança não está chorando. Pode haver também produção de secreção ocular, pois o olho reage a toda aquela “água parada”.

Então vemos aquele bebê com um ou os dois olhinhos sempre molhados, “lacrimosos”, que acorda com as pálpebras grudadas de remela e a gente vai limpando remelinha o dia inteiro. Mas é uma criança tranquila, que não tem olho vermelho nem chora de dor, mama e dorme normalmente. Nesses casos a indicação é manter a higiene local com soro fisiológico e fazer a famosa “massagem do canal lacrimal”, já que a grande maioria das obstruções se resolve no primeiro ano de vida sem a necessidade de intervenção cirúrgica.

E naquelas crianças que têm infecção de repetição ou já fizeram seu primeiro aniversário? Aí pode ser necessário um procedimento para desobstruir a via lacrimal, realizado em centro cirúrgico com sedação. É importante não adiar demais o procedimento, quando há indicação de realizá-lo, pois as taxas de sucesso reduzem com o passar do tempo e pode ser necessária uma cirurgia um pouco mais complexa.

Tem dúvidas se seu bebê apresenta dacrioestenose? Se precisa usar colírio, fazer massagem, ou se tem indicação de algum procedimento? Procure um médico oftalmologista de confiança para te orientar!

Nas redes sociais da Clínica da Criança e do Adolescente você encontra um vídeo em que explico isso tudo tintim por tintim! Se precisar, eu ou nossos Pediatras estamos aqui pra te ajudar.

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