“A GRANDE GRIPE” – Um artigo legal sobre a maior pandemia de todos os tempos

Por Dr. Dorian Domingues – Pediatra da Clínica da Criança e do Adolescente

COVID-21?

O ano é 1918. O cenário é global.

A (primeira) Grande Guerra acabara. A Europa em escombros pacificada e iniciando sua reconstrução, os EUA em crescimento e oferecendo ajuda econômica e o Terceiro Mundo rico em recursos naturais e exótico como sempre, cheinho de matérias primas. Tudo para ensejar um mundo perfeito para todos. Mas… Faltou combinar com os vírus.

O que a humanidade não sabia era que o vaivém da guerra circularia uma variante do tradicional vírus influenza, que infectaria literalmente todo o mundo e mataria no mínimo entre 50 e 100 milhões de pessoas (à época não existia computador, e muitos registros com certeza se perderam). Essa doença entrou para a história como a pandemia mais fatal de todos os tempos (até agora): a gripe espanhola. Só lembrando: à época a população mundial era aproximadamente 1/3 da atual. Ou seja, proporcionalmente, a mortalidade era muito maior!

O nome não tem nada a ver com a origem (sobre a qual há dúvidas), a Espanha foi apenas o primeiro país a divulgar em alto e bom tom a pandemia. Sem querer geograficar a doença, os primeiros casos foram nos EUA (Kansas) e os primeiros óbitos idem (Philadelphia).

Daí não importa se o vírus é chinês, japonês, italiano, americano, australiano. O vírus é O Vírus.

A doença que devorou a humanidade se iniciou e teve seu maior pico em 1918 (mais da metade dos casos) e findou em 1920, após supostamente termos atingido a imunidade de rebanho (e a que preço!) ou o vírus ter sofrido uma mutação e ficado mais brando. E as pessoas enfim puderam retornar à vida normal e respirar aliviadas. Mas foram dois anos de muita dor e mortes.

Detalhe cruel, mas importante: a variante do vírus de 1918 gostava de pessoas jovens. Estima-se que 8 a 10% dos adultos jovens da época foram mortos pela doença, o que se chamou de “dupla mortalidade”, considerando-se não só o lado pessoal mas também demográfico da Coisa.

Jabuticaba brasileira: por aqui, a Pandemia interrompeu sua marcha no final do ano de 1918 às custas de milhares de óbitos e apesar da ausência de uma política epidemiológica e pública de enfrentamento. A doença retrocedeu, e a mortalidade subitamente cessou. Ufa, fim do filme, a minha vida de volta! Daí…

Dizem que o Carnaval de 1919 foi um dos mais animados de todos os tempos, seguido de um novo boom de natalidade nove meses após, resultado da comemoração e a consequente pegação generalizada. Mas a ressaca ainda se arrastou pelo mundo até 1920, com uma severa segunda leva de mortalidade.

Durante esses tempos sombrios os cadáveres sobravam sem covas pelas ruas (qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência, é repetição). Hoje o mesmo ritual tétrico de pessoas agonizantes tossindo sangue e ficando roxas entre seus delirantes espasmos febris e queixas de dor se repete, como se o tempo não tivesse passado. Mas passou.

Minha falecida avó presenciou esse tempo e relatava os féretros pelas ruas da cidade.

Há um século atrás a humanidade se virou como pôde e sem informações precisas para conter a pandemia de gripe espanhola e felizmente sobrevivemos. Não faz sentido nos privamos de ferramentas agora.

A Pandemia está aí, e informação é o que não falta. Vamos deixar a COVID em 2019. Senão, ela vira COVID 2020, COVID 2021…

Em tempo: o coronavírus NÃO É um vírus influenza igual ao da gripe, e esse não é um texto sobre nenhuma gripezinha, é só um exemplo histórico de uma devastação por uma pandemia.

A História não se repete como drama, mas como farsa. Ou seja: saber sobre o Passado nos permite avaliar o Presente e escolher melhor o Futuro.

Minha falecida avó viveu até os 92 anos. Espero que a sua também conquiste essa marca.

Um dia seremos História. De uma forma ou de outra.

Clínica da Criança e do Adolescente, cuidando da saúde da sua família desde 1996.

As fontes desse texto são:

A GRANDE GRIPE (JOHN M. BARRY) – premiado pela Academia Nacional de Ciências dos EUA  e considerado oficialmente o livro referência  do país sobre a pandemia; Editora Intrínseca.

1929: a quebra da bolsa de NY (Ivan Sant’Anna) Inversa Publicações.

Violeta Hargreaves Ribeiro (1905-1997, minha avó), edição infelizmente esgotada.

#umafalhaeespalha!

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

A Beleza mora nos detalhes, e as doenças também. Durante a pandemia da covid-19 estamos todos em risco.

O vírus é muito transmissível de pessoa a pessoa (gotículas transmitidas pela respiração) ou superfícies contaminadas (= quase tudo que você vê ao seu redor).

Pessoas saudáveis, inclusive crianças, podem transmitir o vírus. Daí a importância da prevenção.

A doença é grave, e ainda não tem cura nem tratamento.

Quer saber mais sobre a covid-19? São 5 passos fundamentais:

1) o isolamento;

2) entrar em casa;

3) dentro de casa;

4) saindo de casa

5) a máscara.

Se você chegou até aqui, já entendeu o  básico:

“Fique em  casa, lave as mãos, use máscaras, limpe os pés”, etc.

Mas… você sabe como fazer isso corretamente?

Se ligue nessa, siga o link e vem comigo:

#umafalhaeespalha

1 – O ISOLAMENTO

Bem-vindo ao primeiro tópico: o ISOLAMENTO

O isolamento ideal é o horizontal: só sai de casa quem é indispensável. Setores essenciais (como os profissionais de saúde e segurança, combustíveis) e consumo inadiável (como compras de alimentos, medicações e produtos de higiene e limpeza, pra citar alguns). E pacientes, é claro.

É a única estratégia reconhecida em todo o mundo. A OMS diz que teria que ser assim até o fim desse surto. Só que tem muita gente que não segue. Daí…

Passar o final de semana com os avós, visitar a vizinha ou aproveitar para brincar  com a priminha durante o “feriado” não são formas de isolamento, mas sim de “espalhamento” da covid-19.

Tudo bem, você não sabia, ou saiu de casa por qualquer motivo (profissional ou não). Xiii, e agora… como é que você entra em casa?

Antes de abrir a porta, vou te abrir os olhos. Abra aí!

#umafalhaeespalha

2 – QUERIDA CASA, CHEGUEI!

Beleza (inclusive você mesmo, se morar sozinho). Regra universal: tire o calçado ANTES de entrar. Se puder, deixe-o ao sol. A radiação UV ajuda (mas não confie exclusivamente nela) na descontaminação.

Entre descalço ou deixe um calçado de apoio junto à porta. Acha que acabou? Não, está começando!

1 – Tire toda a roupa imediatamente  e coloque-a preferencialmente no tanque ou já direto na máquina. Roupas sujas mantém o vírus;

2 – Deposite  objetos (chaves, cartões bancários, celulares, etc) num recipiente ou superfície previamente designados para posterior assepsia;

3 – Tome banho, e só depois cuide de si (barba, axilas, virilhas, maquiagem, unhas, etc);

4 – Volte três casinhas, limpe e esterilize  as  chaves, celulares e cartões bancários.

5 – Agora lave e esterilize novamente as mão.

Pronto!  Você está  limpinho(a) de novo.

Entrar e  sair de casa é cansativo, e muito trabalhoso! Qualquer pulinho do lado de fora e você tem que repetir todos esses passos. Poupe seu tempo: evite sair. Se o fizer, aproveite pra resolver todas as suas pendências de uma vez.

De qualquer forma, lembre-se sempre: lave  as mãos com frequência.

#umafalhaeespalha

3 – TÔ DENTRO!

Lar, doce lar, mas fique esperto! E diminua as possibilidades de falhas na prevenção.

Mesmo dentro de casa, mantenha rigorosa higiene pessoal e limpeza frequente de objetos (celulares, controle remoto, etc) ou superfícies (bancadas, teclados) frequentemente usados. Água & sabão, álcool líquido ou gel (70%) são ideais para isso. Para limpeza pesada, use água sanitária.

Como o presunto e o queijo não nascem dentro da geladeira e você precisa fazer compras, é necessário  que você higienize  TUDO que você comprar. Despreze todas as embalagens o mais breve possível, inclusive as sacolas plásticas dos mercados. Lave com detergente e descontamine com água sanitária (atenção: diluída!) os alimentos frescos.

Limpe com saponáceo e desinfete com frequência (com álcool e /ou água sanitária) tudo aquilo que for mais utilizado. Sejam maçanetas, torneiras, chinelos, panos de chão, etc.

Agora, finalmente, relaxe: você está seguro em casa!

#umafalhaeespalha

4 – TRIMMMM… HORA DE TRABALHAR!

Se você tiver (imperiosamente) que sair de casa, paciência: junte-se a nós, muita calma nessa hora, e com as adequadas medidas de proteção tudo vai dar certo.

Agora, é o contrário: é só se vestir adequadamente antes de abrir a porta, calçar  o sapato “de rua”  já  fora da casa e seguir equipado pra jornada.

E, lembre-se: colocou o nariz pra fora de casa? Máscara! Mas, lembrando: com o nariz dentro dela!

Frasquinho de bolso com álcool gel é sempre útil. Lenços descartáveis também. E lembre-se: evite TERMINANTEMENTE usar dinheiro vivo (cédulas, moedas). Pague TUDO que puder com aplicativos, débito automático, boleto digital, etc. Cash is trash.

#umafalhaeespalha

5 – A MÁSCARA

Pra quem ainda não entendeu, a doença se transmite principalmente por via aérea (gotículas da respiração) ou contaminação ambiental pela mesma (superfícies e objetos). Junto à lavagem das mãos, o uso da máscara é a medida mais efetiva na prevenção da infecção (= você não pegar) e da disseminação  (= você não transmitir) a COVID-19.

A máscara deve ser usada em todo ambiente externo ao lar, e sua durabilidade/tempo útil de vida varia em dependência do material (TNT ou tecido, N95, etc).

Já o uso incorreto da máscara (muito tempo, higienização,  manuseio inadequado), como o clássico “máscara suja debaixo do queixo” é um fator de risco. Nesse caso, a máscara se contamina e aumenta o risco de infecção.

Lavar as mãos, usar máscaras adequadamente e manter o isolamento reduzem MUITO o risco de infecção pelo coronavírus. O contrário também é verdadeiro, e aí a pandemia ganha força.

Entendeu?

6 – CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS…

Esse é um guia básico de prevenção em tempos de pandemia. Até a descoberta de um tratamento ou de uma vacina eficazes, ninguém sabe realmente o que vai nos acontecer. Quem é que vai nos proteger,   será que vamos conseguir vencer?

Isolamento e higiene são as palavras da hora. Os próximos meses ditarão as novas normas de convivência (e de sobrevivência).

Muitas novas informações vão surgir, e vamos  nos atualizando por aqui.

Fique vivo e vem comigo.

#umafalhaeespalha #dominguesdorian

Clínica da Criança e do Adolescente – JF

O retorno do rei

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

CORONAVÍRUS

Se todo ano você já tem motivos pra se vacinar contra a gripe, em 2020 você tem um motivo a mais: a epidemia global pelo coronavírus.

“Ué, mas não existe vacina contra isso”, você diz – e, de fato, não há. Que papo estranho, né, achou confuso? Vem comigo, que no caminho eu explico!
O coronavírus provoca um quadro infeccioso que em muito se parece com a gripe (alô, leitor: gripe não é resfriado, veja aqui a diferença aqui).

Num resumo rápido: mal-estar geral, febre, prostração, náuseas / vômitos / desidratação, coriza, tosse, espirros, dor de garganta e em todo o corpo, tudo muito parecido com a gripe “comum” pelo tradicional vírus Influenza. Numa segunda fase, pode evoluir com falta de ar (= insuficiência respiratória) e alterações renais (insuficiência renal).

Até aqui, tudo bem. Mas… por que se vacinar contra a gripe, se o coronavírus não é evitável pela vacina?

Não se trata de prevenção, é claro. A resposta está na outra ponta do raciocínio: para facilitar o seu tratamento!

O fato de você estar devidamente vacinado contra a gripe facilita (e muuuuito!) o diagnóstico diferencial da doença pelo médico. Simples assim: uma pessoa devidamente vacinada contra gripe com sintomas de gripe provavelmente NÃO está com gripe, e POSSIVELMENTE está infectada com coronavírus, o que facilita demaaaaais o diagnóstico. Já sobre uma pessoa não-vacinada com o mesmo quadro, paira sempre a dúvida: será que ele é, será que ele é…

Separar o joio do trigo é um ditado que continua valendo.

Ainda que não haja tratamento específico para eliminar o vírus, o diagnóstico rápido é importante não só para diminuir a contaminação dos contactantes (especialmente os familiares mais íntimos) mas também para a detecção precoce dos sinais de piora, visando uma abordagem mais agressiva do tratamento de suporte.

A vacina contra gripe é indicada para TODAS AS PESSOAS acima de 06 meses de idade, salvo algumas contraindicações. O SUS fornece a vacina contra 3 tipos de vírus (os mais frequentes e famosos) e apenas a grupos de “risco”, determinados por uma seleção dele próprio.

A vacina da rede privada é mais completa e protege contra 04 tipos de vírus (os 03 do SUS e mais um, emergente) e é disponível (e indicada) pra todo mundo. Proteção a mais é sempre melhor. Afinal, ninguém nunca sabe quem vai bombar na próxima temporada …

Facilite a vida do seu amigo médico, tome a vacina e evite um diagnóstico errado ou tardio.

A sua Vida agradece.

Intolerância à lactose em pediatria

Por Dr. Willian José Araujo Pereira | CRMMG 42385

A intolerância alimentar é uma reação adversa que depende de características individuais e ocorre como resultado de mecanismos patogênicos não imunológicos.

A intolerância à lactose é uma queixa muito comum no dia a dia do pediatra e do gastroenterologista pediátrico e que causa bastante ansiedade à família, pois está diretamente relacionada com a alimentação da criança. Quando não há uma orientação correta, a criança fica exposta a restrições dietéticas muitas vezes desnecessárias, o que pode causar sério comprometimento nutricional.

Os termos Alergia à proteína do leite (APLV) e intolerância à lactose não são sinônimos e é muito comum a confusão entre eles. No caso da alergia a proteína do leite de vaca, consiste em uma reação imunológica adversa às proteínas do leite (alfa lactoalbumina, beta lactoglobulina e caseína) que acontece após a ingesta (ou contato) de uma porção, mesmo que muito pequena, provocando alterações no intestino (diarreia com sangue), na pele (manchas, angioedema) e no sistema respiratório (tosse e bronquite, por exemplo). No caso, o tratamento é bastante diferente em comparação à intolerância à lactose.

A lactose é um tipo de açúcar encontrado no leite materno e no leite de outros mamíferos, em quantidades variadas. Quando ingerimos algum alimento que contém lactose, esta sofre ação de uma enzima chamada LACTASE, que é encontrada nas vilosidades das células do intestino delgado. Esta enzima tem a finalidade de quebrar a molécula de lactose em glicose e galactose para sejam absorvidas pelo organismo. Quando há uma deficiência da enzima, a lactose passa rapidamente para o intestino grosso, onde sofre ação de bactérias (fermentação) ali encontradas, provocando mal estar.

TIPOS:

Existem três tipos de intolerância à lactose:

a) Intolerância à lactose primária:

  • Durante os primeiros anos de vida, há grande produção da lactase, visto que o alimento predominante é o leite e seus derivados, mas com o envelhecimento e a introdução de novos alimentos, o leite deixa de ser a principal fonte nutricional e com isso o organismo começa a diminuir a quantidade da enzima e consequentemente torna-se menos tolerante a quantidade maiores de lactose.

b) Intolerância à lactose secundária:

  • Ocorre devido a algum processo que cause danos na mucosa intestinal e redução da atividade enzimática. É muito comum após episódios de diarreias (Gastroenterites), na doença celíaca e determinados tipos de parasitose intestinal.

c) Intolerância à lactose congênita:

  • É uma doença genética muito rara, que foi descrita em apenas algumas crianças na Europa. Há uma ausência total da produção de lactase.

SINTOMAS:

Os sintomas de intolerância à lactose geralmente começam em poucos minutos ou em até algumas horas após a ingesta de alimentos que contenham lactose. O principal sintoma é a dor abdominal que pode vir acompanhada de náuseas e vômitos, diarreia, aumento na eliminação de gases, distensão abdominal, dermatite peri anal (“assaduras”), entre outros. O grau destes sintomas pode variar de acordo com a ocasião.

DIAGNÓSTICO

  1. Clínico:
    É realizada a exclusão da dieta de todos os alimentos que possuem lactose em sua constituição por um período e então nota- se a melhora completa dos sintomas. Mais tarde, novamente esses alimentos são reintroduzidos e há aparecimento dos sintomas novamente. Trata-se do procedimento mais empregado.
  2. Exames laboratoriais:
    Existem alguns exames que podem auxiliar no diagnóstico, que são:
    – Teste Respiratório de Hidrogênio Expirado
    – Mede a quantidade de hidrogênio liberado pelos pulmões. Este gás é liberado devido a fermentação da lactose no cólon.
    – Teste Oral de tolerância à lactose
    – É um exame de sangue que consiste em dosagens seriadas de glicemia após a ingesta de 20 ou 50g de lactose. Durante a realização destas glicemias, espera- se um aumento de cerca de
    20mg/dL em relação ao jejum.

TRATAMENTO:

O tratamento consiste na reeducação alimentar onde deve- se reduzir temporariamente a ingestão de alimentos que contenham lactose e posteriormente realizar uma reintrodução gradativa. Geralmente é o suficiente para a melhora dos sintomas.

Não é recomendado a exclusão total ou definitiva da lactose da dieta, pois além de servir como substrato para a microbiota intestinal, pode causar graves prejuízos nutricionais de vitaminas e sais minerais. Além disto, a maioria das pessoas intolerantes à lactose pode ingerir cerca de 12 g / dia de lactose (equivalente a um copo de leite) sem apresentar sintomas adversos.

Para algumas situações especiais, onde existe a possibilidade de ingerir quantidades de maiores de lactose, existem medicamentos que podem ser utilizados para ajudar a diminuir os sintomas. Estes medicamentos podem ser encontrados em farmácias e estão disponíveis nas mais variadas apresentações e nada mais são do que a própria enzima lactase.

Fonte:

SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria
https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/noticias/nid/intolerancia-a-lactose/

SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo
http://www.spsp.org.br/site/asp/recomendacoes/Rec_61_Gastro.pdf

MATTAR, Rejane; MAZO, Daniel Ferraz de Campos. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo , v. 56, n. 2, p. 230-236, 2010.

Urticária na Infância

A urticária é uma das formas de alergia mais assustadoras  e é motivo frequente de consultas pediátricas em serviços de urgência. O corpo vermelho e empolado das crianças, associado à coceira intensa e à preocupação com um eventual edema de glote (que pode levar à morte),  levam muitos pais ao desespero. Mas, ao contrário do que se imagina, o quadro geralmente é auto-limitado e na maior parte das vezes benigno nessa faixa etária. Quer saber mais sobre urticária? Nosso blog explica!

Primeiro, as boas notícias: por definição, a urticária começa de forma súbita e evolui rapidamente mas NÃO deixa sequelas. Portanto, em poucos dias a pele do seu filho estará 100% recuperada!

A urticária pode ser classificada como aguda (duração menor que 06 semanas – é a forma mais comum na infância) ou crônica (maior que 06 semanas – mais comum em adultos, às vezes se arrastando por anos).

Estatisticamente, até 20% das pessoas terão um episódio de urticária na vida, e em 0,1% de todas as consultas médicas o médico observará a presença de urticas no exame físico, mesmo que o paciente não se queixe disso. Por isso, o  médico deve colher uma história bem detalhada do caso do paciente para definir a real etiologia do problema!

É importante salientar que grande parte das urticárias agudas são causadas por infecções, geralmente virais. Portanto, não é indicado suspender alimentos supostamente  suspeitos da dieta das crianças até a devida avaliação médica. Essas restrições alimentares podem inclusive gerar prejuízos nutricionais e comprometimento pondero-estatural nos pacientes. Como apenas uma parte  dos casos é desencadeada por alimentos,  somente um médico poderá orientar sobre a necessidade ou não da restrição dietética.

Mas… E como é a urticária, enfim?

A lesão básica dessa doença é chamada de urtica. Essa  lesão se assemelha a uma picada de inseto, gerando um aspecto avermelhado na pele. As urticas se disseminam pelo corpo de forma bastante intensa, tornando-se confluentes e desenhando no corpo da criança um cenário parecido com um mapa, com várias “ilhas” e “continentes”, inclusive com relevo (pele empolada). O mapa, inclusive, vai mudando de lugar: a urticária vai, mas volta. O prurido (coceira) é intenso, e pode haver complicações secundárias (ex:  feridas e infecções cutâneas) provocadas pelo ato de se coçar. Daí a importância do tratamento precoce e adequado, bem como da devida apuração da causa.

A base do tratamento é a administração de antialérgicos por via oral, sejam de primeira (provocam sono – melhores para os bebês) ou de segunda geração (mais modernos, e não provocam sonolência – melhores para quem já vai à escola  e/ou para uso prolongado), mas em muitos casos é necessário associá-los ou ainda acrescentar os poderosos (e danosos, por seus efeitos colaterais) corticóides. Há necessidade de internação para uso de medicações intravenosas nos casos mais rebeldes. E as reações mais graves (anafilaxia) necessitam de atendimento hospitalar de urgência e uso de adrenalina.

A consulta com o pediatra é o primeiro passo na abordagem da urticária, mas muitas vezes só se mata a charada com o teste alérgico. Se precisar, estamos aqui! Na Clínica da Criança e do Adolescente você encontra os profissionais adequados – pediatra e alergista (Dr. Renato Camilo) –  para a adequada abordagem da urticária e alergias em geral.

Sarampo: que bicho é esse?

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

Na mesma onda de doenças previamente controladas (dengue, febre amarela e cia) outro fantasma volta a nos assustar: o sarampo. Muita gente nunca viu, não conhece e só ouviu falar, mas a galera de mais de uns trinta e poucos anos sabe que e doença é grave, muito grave e matava muita gente (quem viveu, viu!) até a década de 1990, quando foi supostamente “erradicada”. Entretanto…

Um dos nossos problemas é que somos o país do futuro, mas as doenças são do passado e, assim sendo, não sabem disso. No Brasil, até o passado é incerto. Como o vírus não foi informado, continuou por aí, ignorante e miserável (ah, essa é a vida que eu quis!) até ser redescoberto e virar moda novamente. Old fashion!

O sarampo é uma doença viral grave, extremamente contagiosa – só perde para a (oficialmente extinta) varíola – e extremamente debilitante, que acomete muito severamente o estado nutricional e pode levar à morte por si só ou em função das complicações da doença (pneumonias, encefalite, diarreia incontrolável).

A desnutrição aguda provocada pelo sarampo se traduz em um algoritmo prático para a geração de médicos que, como eu, vivenciaram a endemia: os bem-nutridos sobrevivem (a duras penas). Os mal-nutridos, morrem. Auschwitz biológico.

Como a dengue, a doença tem um período de sintomas gerais e (febre, prostração, tosse intensa e muuuuito catarro, inclusive com a característica conjuntivite) para só depois mostrar a sua verdadeira face: o exantema (vermelhidão e manchas no corpo). E é nessa fase que a mortalidade é maior.

Diferentemente da dengue e cia, o sarampo não depende de mosquitinhos, e o inimigo vem de onde menos se espera: aquele filho lindo dos amigos, o colega que foi ao exterior, aqueles que dizem orgulhosos que nunca tomaram vacinas ou até da turma do “eu acho que já tive”.

A única forma de se prevenir contra a doença é a vacina. Infelizmente, a cobertura vacinal em nosso país vem caindo, e atualmente é insuficiente para o controle de uma (possível) epidemia.
É importante que se tomem 02 doses de vacina após 01 ano de vida para a imunização ser eficaz. Confira o cartão do seu filho!

Ainda: adultos tem uma probabilidade muito grande de não estarem imunizados, porque antigamente a vacinação era ainda mais irregular, e serão um dos alvos da campanha vacinal. Fique atento!

E, por fim: TODAS as crianças entre 06 meses e 01 ano de idade devem comparecer urgentemente às unidades básicas de saúde para receberem a vacina isolada contra o sarampo, a chamada “dose zero”. Essa faixa etária (que não é vacinada em condições normais) é de altíssimo risco e é o foco PRINCIPAL da campanha de vacinação!

Em caso de dúvidas, contate o seu pediatra ou infectologista. Se precisar, estamos aqui: a IMUNOVIDA tem todas as vacinas, para todas as idades!

O passado ooops, o sarampo vem aí. Quem viveu, viu. Quem se vacinar, não verá!