Nosso blog responde: a Lei de Poiseuille e o nariz entupido

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

Por que o nariz das crianças entope tanto? E por que elas chiam mais que os adultos? Essa é fácil, e a resposta é velha (1840, pra ser exato): por causa da Lei de Poiseuille!

Uma imagem é melhor que mil palavras. Simples assim:

Image and video hosting by TinyPic

Não entendeu, né? Calma, vem comigo que no caminho eu explico! Vale a pena, não desista!

Num tempo em que as leis eram outras ou mesmo não existiam (a Terra era plana até há pouco, e o Céu é que girava em torno dela; a macieira que inspirou Newton a publicar a Lei da Gravidade ainda estava viva), esse grande físico descobriu que a condução de um fluido através de um cano era inversamente proporcional à quarta potência do raio deste. Ou seja:
quanto mais fino o cano, muito menos ar conduz, porque a diminuição é exponencial (um cano que tenha metade do raio do outro conduz 16x menos ar – e vice-versa). Muito óbvio, né?

Ainda não entendeu, né? Tudo bem, traduzindo pro português: isso quer dizer que o nariz da criança entope mais porque é menor! Um nariz pequenininho conduz muuuiiito menos ar que um grande. E tem mais coisas pra atrapalhar: cornetos, adenóides (as tais “das carnes esponjosas”). Haja fluxo!

Mais fácil que isso? Então tá: o ar da criança é igual ao nosso. A meleca é igual à nossa. O nosso nariz é grande. O das crianças é pequeno. Pronto, falei, respirei!

O mesmo raciocínio se aplica ao pulmão: os brônquios (e as pequenas vias aéras) são mais estreitos, e a condução do ar é mais difícil porque ele passa se “esfregando” nas paredes deles. Aqui não é tão simples assim, porque o pulmão varia de tamanho na respiração, mas pra uma comparação aproximada está razoável. Por isso os pequeninos chiam mais que os adultos, e em parte por isso (mas há muitos outros fatores: ambientais, imunotolerância, etc) a incidência de sibilância diminui na idade adulta.

Para diminuir a obstrução é muito importante o controle da poluição ambiental (mofo, poeira, ácaros, pêlos, fumaças e etc) , muita hidratação (água por dentro) e limpeza das vias aéreas com soro fisiológico e umidificação do ar (água por fora) para diminuir a viscosidade das secreções. Em casos específicos podem ser necessárias medicações, como antialérgicos ou broncodilatadores. E sempre sob a orientação do seu médico.

Tem muitas coisas aparentemente sem resposta que são bem mais simples quando explicadas ao pé do ouvido. Senão, apesar de óbvias, bem passam pelo nosso nariz sem que gente perceba!

Na Clínica da Criança e do Adolescente, a gente tem respostas para essas e muitas outras dúvidas. Venha nos conhecer.

Às vezes uma palavra vale mais que mil imagens. Simples assim.

Corra que a gripe vem aí!

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

O outono chegou trazendo (enfim!) alívio para aquele calorão terrível, charmosas coleções de moda e uma gostosa sensação de aconchego e intimidade. Mas nem tudo é glamour: é na bruma leve do friozinho que o vírus da gripe se sente em casa.

O brasileiro se acha europeu quando o assunto é moda, turismo ou automóveis, mas se finge de índio quando o tema é vacinação, principalmente contra a gripe. Bora desmistificar esse nosso lado macunaímico!

Regra básica número 1 sobre vacinação: as vacinas que o SUS disponibiliza são aquelas indispensáveis, ou seja, questão de sobrevivência. Não se vacinar contra febre amarela e tuberculose, no Brasil, por exemplo, é suicídio. As doenças variam de um país para o outro. No hemisfério norte, essas aí não são relevantes.

Regra básica número 2: as vacinas do SUS geralmente são menos potentes ou menos seguras que da rede privada e, muitas vezes, em doses insuficientes ou apenas para uma determinada fração da população. A imunização contra a gripe resume alguns desses pontos.

Mas vamos falar da doença primeiro, antes de falar da vacina. Afinal, estamos no Brasil, né?!

As pessoas acham que gripe é um resfriado forte, mas é um grande engano. A gripe é uma doença grave, com alta taxa de morbidade (adoecimento) e mortalidade, principalmente nos tradicionais grupos de risco para qualquer doença (idosos, crianças pequenas e portadores de doenças associadas), mas também tem uma cruel atração por grávidas e puérperas.

Nessas pessoas as complicações (pneumonias etc) e a mortalidade são mais frequentes. E o SUS oferta a vacina de graça. É a Europa!

E é aí que entra o nosso lado tupiniquim: como não existe informação, as pessoas fora desses grupos de risco (risco do SUS, diga-se) acham que não necessitam de imunização contra a doença. E são justamente essas as que adoecem e engrossam as filas dos hospitais e as estatísticas dos obituários. É a Natureza Selvagem!

Quer saber mais sobre a gripe? Vem comigo!

Os vírus da gripe são altamente contagiosos; a incubação é rápida e a invasividade muito alta. Os vírus rapidamente penetram o endotélio das vias aéreas e se replicam, usando as células do paciente para reproduzir o seu material genético.

Este intenso processo inflamatório agudo gera quadros respiratórios graves com muita tosse, catarro, congestão nasal e ocular e eventual insuficiência respiratória aguda, mesmo em pessoas previamente hígidas.

Além dos sintomas respiratórios, há a toxemia geral: muita febre alta, dor de cabeça, garganta, nos olhos e no corpo todo, abatimento geral, perda do apetite e de peso, fraqueza muscular generalizada. A pessoa com gripe acha que foi atropelada e para pra ver, ouvir e dar passagem.

O cenário respiratório de pós-guerra é uma porta aberta para as temíveis infecções secundárias como as pneumonias (contra as quais também há vacinas melhores na rede privada). Em casos extremos, ocorre o óbito por complicações ou por colapso cardiopulmonar.

Se quiser ver um depoimento surreal sobre um adulto com gripe, veja o nosso post do Facebook e também no Instagram.

Há vários tipos de vírus da gripe e podemos resumi-los rapidamente da seguinte forma: Influenza tipo A (H1N1, H3N2) e Influenza B (Yamagata e Victoria). A vacina tetravalente da Imunovida tem sempre os 4 tipos de vírus. E a do SUS só tem 3.

A vacina é indicada para TODAS as pessoas acima dos 6 meses de idade, e aqui não tem essa de grupo! Risco é risco!

A vacina chegou na Imunovida faz tempo. Agora, o inverno está chegando. Corra que a gripe vem aí!

É Bronquite ou Asma?

Por Dr. Dorian Domingues

A asma brônquica (atenção, leitor: não existe bronquite asmática) é uma das doenças crônicas mais comuns do mundo, juntamente com a hipertensão arterial (pressão alta), diabetes (açúcar no sangue) e dislipidemias (colesterol alto). Mas tem uma diferença fundamental: a asma já se manifesta na infância.

No caso da asma, ela é crônica, mas não necessariamente degenerativa: vai depender da abordagem precoce e adequada da doença. Ninguém merece viver chiando. A asma brônquica é um processo inflamatório que gera hiperreatividade das vias aéreas com variáveis graus de broncoespasmo e dispneia em seus portadores (em medicinês). Isso quer dizer tosse, chieira e cansaço (falta de ar), principalmente após esforços súbitos.

A doença varia de pessoa para pessoa. Os fatores desencadeantes são vários, mas alguns são sempre comuns: infecções respiratórias (resfriados, gripes, sinusites), inversões climáticas, poluentes ambientais (mofos, ácaros e cia, derivados de benzeno, fumaça – principalmente de cigarro) e mesmo alimentos (alergia à proteína do leite de vaca é o destaque, mas também ovo, soja, amendoim, corantes…).

Por conta do acúmulo de secreções, as pessoas asmáticas têm mais infecções respiratórias que demandam antibióticos. Mas isso não quer dizer “imunidade fraca”. Pelo contrário, é excesso de reatividade.

Muito importante: os asmáticos são grupo de altíssimo risco para gripe e suas complicações, entre elas pneumonias. Fique de olho nas vacinas contra gripe e pneumococos da rede privada (as do SUS são incompletas).
Se não adequadamente prevenida e tratada, a asma pode trazer limitações à qualidade de vida. Mas prevenção é o que não falta: 10% das pessoas são asmáticas. E o que mais tem são remédios para a doença. Inclusive, distribuídos pelo SUS.

Além das práticas preventivas (alimentação saudável, não-exposição a poluentes), há várias medicações, de uso oral ou inalatório, geralmente muito eficazes no controle das exacerbações das crises. Cada caso é um caso, e a prescrição deve ser feita de forma individualizada, de acordo com a asma de cada um. Em casos extremos, há vacinas (imunoterapia – mas isso é assunto para o nosso alergista, o Dr. Renato Camilo).

A gente (sim, eu sou um) nasce e morre com asma, mas não precisa viver com asma, nem morrer de asma! Não fique chiando por aí. Marque a sua consulta. Na Clínica da Criança e do Adolescente a gente sabe tudo sobre asma, suas complicações e prevenção!