Nosso blog responde: o que é Refluxo Gastroesofágico?

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

“Meu filho tem refluxo” é arroz de festa nos grupos de mães. Mas… o que é isso, exatamente? Bora falar sobre o refluxo gastroesofágico, vem comigo!

Já começa mal, o nome é pomposo, mas é fácil explicar: é a regurgitação do conteúdo (alimento, líquidos) que já estava no estômago (gástrico) para o esôfago (esofágico, claro). Xii, complicou? Então, tá: é a famosa golfada, tão comum nos bebês!

Noções básicas de anatomia: o alimento entra pela boca, passa pela garganta e desce por um cano (o esôfago) até um saco (o estômago), onde faz uma pausa. Na junção desses dois há uma válvula (o esfíncter gastroesofágico, em medicinês, ou a boca do estômago, em português corrente). O refluxo acontece justamente por um descontrole nessa válvula que permite que alimentos já “estomagados” sejam “esofageados”. Ou seja: que a criança golfe.

Abaixo dos seis meses de idade, praticamente todos os bebês têm refluxo. Isso porque, além da imaturidade do funcionamento da válvula, eles só ingerem líquidos e ficam o tempo todo de pernas pro ar (e existe a Lei da Gravidade, lembra?). Também por isso, tudo piora à noite. Com o passar dos meses as crianças ficam mais tempo sentadas ou de pé, o alimento fica mais sólido, o funcionamento do esfíncter se aperfeiçoa e o refluxo naturalmente diminui. Mas, no primeiros meses, pode ser um grande incômodo.

Existem dois extremos de refluxo: o que não atrapalha a vida (o bebê golfa o tempo todo apóscada mamada, é só sorrisos e tem bom ganho de peso: o ‘golfador feliz’) e o que atrapalha (o bebê golfa e chora de azia o tempo todo, não consegue mamar, não ganha peso e/ou tem manifestações respiratórias como pneumonias ou otites, etc). No primeiro caso, o refluxo é fisiológico, e é só esperar passar. No segundo caso, é o refluxo patológico, e requer um
acompanhamento mais regular, com mudanças posturais e dietéticas, e por vezes com o apoio de um especialista e de medicações.

Alergias, intolerâncias alimentares, anomalias anatômicas e doenças intercorrentes são outros fatores que pioram e predispõem ao refluxo ou se confundem com ele.

Cada caso é um caso, e a avaliação pelo pediatra geral é sempre o primeiro passo. Casos mais graves devem ser referendados ao especialista (médico gastroenterologista pediátrico) para uma avaliação mais detalhada.

Regras gerais: alimente seu bebê com pequenos volumes (principalmente de líquidos!) e em intervalos menores para evitar a plenitude gástrica (quanto mais cheio, mais golfa) e sempre ofereça a ele a oportunidade de arrotar (ainda que nem sempre ele arrote — 20 minutos está de bom tamanho). Eleve a cabeceira do leito uniformemente em aproximadamente 30 graus (mamadeiras e travesseiros antirrefluxo também são úteis). E atenção à regra número 1: prefira sempre o leite materno!

Em caso de dúvida, procure sempre a Clínica da Criança e do Adolescente. Aqui temos pediatras e especialistas para cuidar da saúde do seu filho. Mesmo quando tudo parece estar de cabeça pra baixo!

Por que temos febre?

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

A febre é a elevação da temperatura corporal acima da que é considerada normal. Até aqui, tudo bem: só falta definir o que é normal: febre é a elevação da temperatura corporal acima de 37,6 graus Celsius.

A febre é sempre um sinal de que alguma coisa estranha está acontecendo. Pode ser excesso de calor ambiental (intermação), excesso de exposição ao sol (insolação), pode ser hemorragia no sistema nervoso central, pode ser intoxicação (e se eu falar mais 03 besteiras aqui todo mundo vai parar de ler) mas geralmente é por infecção (acertei, enfim!). Mas…será que é tão simples assim?

Tecnicamente, a febre é provocada por um descontrole do mecanismo de regulação da temperatura (localizado no cérebro, mais precisamente em uma área chamada hipotálamo, um termostato biológico que controla a produção e dispersão do calor corporal). A disfunção leva à produção de substâncias semelhantes a hormônios (pirogênio endógeno e mediadores inflamatórios, resumidamente) que aumentam a temperatura corporal e também regulam o fluxo sanguíneo para a pele. E a confusão começa aqui. É na superfície corporal que se troca o calor com o meio ambiente.

Na fase inicial do pico febril (febre baixa), ocorre uma dilatação dos vasos da pele (é um mecanismo útil de defesa: a criança fica quente e vermelha, e dissipa o calor). Nos grandes picos febris, isso se inverte: a circulação se contrai (é um mecanismo ruim de defesa), a pele fica fria porque não tem irrigação e não há troca de calor. Quem toca a criança, a acha gelada, mas é porque todo o calor está retido no interior, “ela está fervendo por dentro”, e o termômetro acusa a febre alta, geralmente com calafrios, cianose (coloração azul-arroxeada da pele) e palidez de extremidades. Ou seja: febre é pra medir com o termômetro, porque o mãozometro e o mãezômetro são muito sujeitos a erros.

A febre pode ter várias causas, e na infância muitas vezes (mas nem sempre) ocorre por infecções. E é aqui que termina a confusão pro leigo e, consequentemente, começa pro médico.

O leigo sempre acha que febre = infecção = antibiótico, só que não! Dengue e caxumba, pra dar exemplos práticos, dão muita febre e se curam sem necessidade de antibióticos. Já tuberculose, uma infecção bacteriana gravíssima, quase nunca dá febre, mas precisa de antibióticos por 1 ano! Quem dera pro médico que tudo fosse simples assim: está com febre? Pronto, antibiótico, o próximo. Está sem febre? Ótimo, pode ir…

Apesar de nem sempre precisar de antibióticos, a febre é sempre sinal de alerta, e geralmente a intensidade tem a ver com a gravidade da doença. Assim, crianças com febre baixa e cara boa podem ser observadas em casa – e qualquer variação em qualquer um dos dois quesitos tem que acionar os sinais de alerta. Principalmente se a criança continuar abatida mesmo quando estiver sem febre. Aí, é consulta na certa.

Para abaixar a febre, dê sempre antitérmicos. Se persistente ou refratária, intercale com outro. Você também pode dar banhos frios e usar compressas frias para abaixar a temperatura corporal. E principalmente: deixe a criança fresquinha! Ela precisa esfriar!

Em caso de persistência da febre, procure o seu pediatra, ou a Clínica da Criança e do Adolescente. Aqui temos agendamento e pronto atendimento. E ninguém volta pra casa sem consulta.

Clínica da Criança e do Adolescente. O amigo mais certo das horas incertas, desde 1996.

Meu filho está com virose!

Por Dr. Dorian Domingues

Essa é uma frase muito falada por quem retorna de um pronto-atendimento pediátrico. Mas geralmente se refere a um tipo específico de infecção: a diarreia aguda por rotavírus.

 

Virose é qualquer infecção provocada por vírus. Verrugas, febre amarela, dengue, hepatite e AIDS também são viroses, mas menos incidentes. Assim, por ser muito frequente em todo o mundo, a gastrenterite aguda por rotavírus é comumente chamada pelo leigo de “virose”. Como a gente diz Coca-Cola ao invés de dizer refrigerante ou Bombril em lugar de esponja de aço.

 

Os mais lembrados são os mais famosos, e o rotavírus fez por merecer a sua fama de mau. Rotavírus são a maior causa de diarreia aguda em todo mundo. Até o advento da vacina, a diarreia aguda por rotavírus era a maior causa de mortalidade infantil no Brasil, com alto índice de internações (meu filho passou por isso, não existia vacina) e óbitos (por isso, não, ufa!).

 

Os sintomas são clássicos: muitos vômitos nos primeiros dias. Se não controlados, levam à desidratação e à internação, porque a criança não consegue ingerir os líquidos para reidratar-se. É a fase da Fome. Come/mama e vomita. Depois disso, vem a diarreia (líquida, explosiva, várias vezes ao dia, com cólicas e gases) que geralmente é mais fácil de controlar. É a Vontade de Comer. Come e tem diarreia. Nessa fase, é muito importante restringir a lactose (e é difícil), senão o problema piora. O saldo final é a desidratação. E sem água não há vida.

 

O ruim é quando uma fase encontra a outra: quando se juntam a Fome e a Vontade de Comer (vômitos e diarreia) a infecção por rotavírus fica muito mais grave, demanda internação e cuidados hospitalares. E o risco de óbito aumenta muito.

 

A doença de tratamento individual barato (água, sal e açúcar) x milhões de pessoas era o maior gasto da assistência pediátrica do SUS, e assim o foi por muitos anos, até o surgimento da vacina.

 

Até esse advento, os rotavírus eram a maior causa de mortalidade infantil por doença infecciosa também em países desenvolvidos porque, ao contrário do que se pensa, os rotavírus gostam mesmo é do outono/inverno, que é o clima desses países (no verão, o que pega é a intoxicação por alimentos contaminados e perecíveis). Daí o recente aumento no número de casos nessa época do ano, de clima temperado.

 

O tratamento é relativamente simples: remédios para vômitos (depende da criança não vomitar a medicação) , soro de reidratação (idem) , probióticos (que precisam de um tempinho no intestino pra fazerem efeito) e suplementação de zinco. O difícil é fazer tudo isso com a criança evacuando e vomitando o tempo todo.

 

No Brasil, a vacina chegou às clínicas no ano 2000, 6 anos antes de chegar ao SUS. E nesse intervalo foi fácil observar a diferença entre vacinados e não, o que gerou um abismo entre o universo da saúde privada e a pública. Vacinou? Ok. Não vacinou? Pegou…

 

Não existia uma estatística na rede privada, apenas a nítida percepção de que as formas graves tinham virado raridade, e que os vacinados desenvolviam formas atenuadas da doença, de fácil tratamento domiciliar.

 

Quanto ao SUS: quatro anos após o início (em 2006) da vacinação pública a mortalidade infantil caiu 22%. Considerando-se que não houve melhora do saneamento ou educação, o mérito é da vacina!

 

A vacina monovalente contra rotavírus do SUS é, obviamente, muito boa. Mas há muito tempo existe uma vacina pentavalente (com cinco vírus) que protege bem mais do que ela. E que é obviamente muito melhor!

 

A Clínica da Criança e do Adolescente existe desde o tempo em que a vacina não existia, e a doença virava epidemia. Mas agora é diferente: temos a vacina. E ela é pentavalente.

 

O passado garante: na IMUNOVIDA, estamos sempre à frente. Mais, mais cedo, melhor. Proteção é aqui. Cuidando da saúde da sua família desde 1996.