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“MEU FILHO GAGUEJA. E AGORA?”

por Mariana e Luane
22 de maio de 2023

Mã-mã e pá-pá são as palavras que os pais mais amam escutar. Não há nada mais gostoso que ver seus queridos  bebês em suas primeiras tentativas de se expressar e repetindo as sílabas que carregam todo o imenso amor que os une. Entretanto, se essa repetição silábica persiste ao longo dos meses, fique alerta quanto à gagueira.

A gagueira é uma das disfunções da fala mais comum entre as crianças, podendo se iniciar desde o início da fonação na infância ou estabelecer-se em qualquer etapa do desenvolvimento. No primeiro caso é chamada de desenvolvimental (forma mais comum: inicia-se na infância principalmente por hereditariedade, mas também por fatores estressantes físicos e/ou emocionais). O segundo caso é a gagueira adquirida. Geralmente está relacionada a fatores psicogênicos ou neurológicos, podendo ocorrer em qualquer fase da vida.

As principais características da gagueira são a repetição/prolongamento dos sons das silabas, bem como interrupções, bloqueio ou palavras pronunciadas com tensões físicas excessivas, até situações extremas em que falar se torna um verdadeiro sofrimento físico. Daí ser classificada como de  grau leve a severo, de acordo com as rupturas na fala. 

Aviso importante: gagueira não é uma doença, mas sim um distúrbio multifatorial. E, como tal, exige abordagem multidisciplinar.

A Fonoaudiologia trabalha de forma efetiva na abordagem à gagueira, ou seja, nas manifestações (disfluências) desse distúrbio, que provoca interrupções e/ou reduz o fluxo de informações. A intervenção fonoaudiológica deve acontecer assim que os primeiros sinais aparecerem e irá variar de acordo com o grau e a idade da pessoa acometida. Nos casos das crianças é necessário realizar o diagnóstico visando identificar e abordar precocemente fatores de risco que possam levar à evolução para gagueira crônica. No tratamento são usados materiais e estratégias lúdicas em busca de estabelecer um fluxo de fala mais suave, controlado e espontâneo.  

A abordagem psicológica da disfunção também é essencial. O impacto da gagueira na criança em fase de estruturação de seu próprio Eu pode acarretar prejuízos/impactos psicológicos que se apresentam de formas singulares em cada indivíduo. Os mais comuns são timidez, baixa autoestima, medo excessivo (principalmente relacionado a falar em público), tensões sociais devido à dificuldade de expressão por meio da fala, bullying e, principalmente, ansiedade

Essa é uma emoção que funciona como um determinante comum para diversos comportamentos, e não seria diferente para o de gaguejar. É intuitivo associar a piora da gagueira ao aumento do nível de ansiedade. Ainda: dificuldade de aceitação de sua questão/modo de ser, ou seja, autoconfiança rebaixada. 

Alguns casos podem ter causa psicológica, em que crianças passam a gaguejar após passarem por algum evento traumático (gagueira adquirida). Ou seja: a gagueira, nesses casos, é um sinal de alerta.

E atenção: ligue o alarme principalmente se a gagueira estiver afetando negativamente o desenvolvimento de sua criança para além da fala. Nesse caso busque urgentemente o tratamento multidisciplinar (psicoterapia + fonoaudiologia), visando intervir o mais cedo possível para abortar a progressão da disfunção e acelerar o processo de recuperação. 

Por fim, um fato curioso, e pra tirar a tensão: as pessoas com essa disfunção não gaguejam quando estão cantando (é verdade, pode pesquisar)! A explicação é complexa (circuitos neuronais diferentes para a fala e o canto), mas a conclusão é óbvia: a criança tem os instrumentos, só precisa aprender a tocar.

Aqui na Clínica oferecemos esse suporte através do atendimento dedicado de nossas profissionais Mariana (fonoaudióloga) e Luane (psicóloga), que trabalham em equipe para ajudar seu filho na superação dessa e de várias outras disfunções (afasia,  troca de fonemas, disgrafias, dislexias…).

Em tempo: segue uma sugestão de um filme muito interessante sobre a gagueira e a enorme importância da abordagem fonoaudiológica e psicológica para a superação da disfunção.

Baseado em fatos literalmente reais (perdão pelo trocadilho), é a história do Rei  George VI, pai da Rainha Elizabeth II e avô do atual Rei Charles III. Um rei que superou a sua condição (gagueira) e tornou-se um grande orador e líder de seu País durante a Segunda Guerra Mundial. Um exemplo real de superação, um filme imperdível e premiado em vários festivais:

O Discurso do Rei (2011)