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O que já se sabe sobre a Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica (SIM-P)?

Por Dra. Adriana Maria Vieira Rezende – Médica Pediatra da Clínica da Criança e do Adolescente

Não bastasse a nossa preocupação com os idosos em função da pandemia, estamos diante de uma nova e preocupante situação: a SIM-P (Síndrome inflamatória multissistêmica em pediatria), uma terrível consequência da infecção pelo novo Coronavírus.

Além do nome difícil, o diagnóstico e o manejo clínico da doença também são muito complicados, e dessa forma a SIM-P se tornou um pesadelo para pais e pediatras. Mais um.

Os primeiros registros foram na Europa, mais especificamente no Reino Unido, onde os médicos começaram a observar quadros de crianças que tiveram COVID-19 (mesmo que de forma assintomática) e que, após o período da resolução da doença, evoluíam com grave acometimento de vários órgãos (pulmões, rins, sistema vascular e de coagulação etc). Após estudos e exames (PCR, sorologias) foi descrita a nova síndrome e estabelecida em bases científicas a sua relação temporal com a pandemia de COVID 19.

Apesar das manifestações da COVID 19 na criança geralmente serem bem mais leves que nos adultos, sempre há as pequenas exceções que fazem a regra. Ou seja: apenas um pequeno número de crianças irá desenvolver essa grave consequência, mas esses poucos pacientes vão precisar de hospitalização e muitos cuidados intensivos, pelo acometimento simultâneo de vários órgãos, como citamos. Mesmo assim, dada a sua gravidade o prognóstico é reservado e o risco de óbito é real. Lembrando que tudo isso acontece DEPOIS do período de doença, quando já se comemorava aquele “acabou, acabou!”.

Os dados obtidos até agora indicam que não há relação obrigatória com comorbidades ou fatores de risco, mas as estatísticas mostram predomínio no sexo masculino entre 0-8 anos e na presença de obesidade. Que aliás é fator de risco para quase qualquer doença.

Ainda que não saibamos explicar exatamente a doença, tudo indica que ocorre um desequilíbrio entre os sistemas imune e inflamatório após o quadro agudo da infecção pelo SARS COV 2, levando a um aumento da liberação de substâncias lesivas (endotoxinas = nossos próprios venenos) na corrente sanguínea, com consequências graves em todo o organismo. Numa comparação pouco científica mas muito plástica, seria o equivalente ao estrago dos Vingadores em Nova York para expulsar os alienígenas.

Sinais de alerta para a doença são: febre persistente por mais de 3 dias associada a sintomas intensos de acometimento de vários órgãos, como manchas na pele, conjuntivite, dor abdominal, vômitos e diarreia, edema nos pés e mãos, queda de pressão, dor cabeça, prostração ou irritabilidade, dificuldade respiratória etc. Principalmente se a criança sabidamente teve COVID.

Tudo isso é muito novo e nosso conhecimento ainda é escasso, mas a sabedoria é uma Ciência milenar. E o resumo de toda a Medicina cabe em apenas uma frase: prevenir é melhor que remediar. Como um hai kai japonês.

Enfim: por ora a única proteção contra a SIM-P é não contrair COVID. Apesar de rara, a síndrome é gravíssima, e a mortalidade é alta. E os Vingadores só existem na ficção.

Clínica da Criança e do Adolescente, a saúde do seu filho sob controle.