O retorno do rei

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

CORONAVÍRUS

Se todo ano você já tem motivos pra se vacinar contra a gripe, em 2020 você tem um motivo a mais: a epidemia global pelo coronavírus.

“Ué, mas não existe vacina contra isso”, você diz – e, de fato, não há. Que papo estranho, né, achou confuso? Vem comigo, que no caminho eu explico!
O coronavírus provoca um quadro infeccioso que em muito se parece com a gripe (alô, leitor: gripe não é resfriado, veja aqui a diferença aqui).

Num resumo rápido: mal-estar geral, febre, prostração, náuseas / vômitos / desidratação, coriza, tosse, espirros, dor de garganta e em todo o corpo, tudo muito parecido com a gripe “comum” pelo tradicional vírus Influenza. Numa segunda fase, pode evoluir com falta de ar (= insuficiência respiratória) e alterações renais (insuficiência renal).

Até aqui, tudo bem. Mas… por que se vacinar contra a gripe, se o coronavírus não é evitável pela vacina?

Não se trata de prevenção, é claro. A resposta está na outra ponta do raciocínio: para facilitar o seu tratamento!

O fato de você estar devidamente vacinado contra a gripe facilita (e muuuuito!) o diagnóstico diferencial da doença pelo médico. Simples assim: uma pessoa devidamente vacinada contra gripe com sintomas de gripe provavelmente NÃO está com gripe, e POSSIVELMENTE está infectada com coronavírus, o que facilita demaaaaais o diagnóstico. Já sobre uma pessoa não-vacinada com o mesmo quadro, paira sempre a dúvida: será que ele é, será que ele é…

Separar o joio do trigo é um ditado que continua valendo.

Ainda que não haja tratamento específico para eliminar o vírus, o diagnóstico rápido é importante não só para diminuir a contaminação dos contactantes (especialmente os familiares mais íntimos) mas também para a detecção precoce dos sinais de piora, visando uma abordagem mais agressiva do tratamento de suporte.

A vacina contra gripe é indicada para TODAS AS PESSOAS acima de 06 meses de idade, salvo algumas contraindicações. O SUS fornece a vacina contra 3 tipos de vírus (os mais frequentes e famosos) e apenas a grupos de “risco”, determinados por uma seleção dele próprio.

A vacina da rede privada é mais completa e protege contra 04 tipos de vírus (os 03 do SUS e mais um, emergente) e é disponível (e indicada) pra todo mundo. Proteção a mais é sempre melhor. Afinal, ninguém nunca sabe quem vai bombar na próxima temporada …

Facilite a vida do seu amigo médico, tome a vacina e evite um diagnóstico errado ou tardio.

A sua Vida agradece.

Corra que a gripe vem aí!

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

O outono chegou trazendo (enfim!) alívio para aquele calorão terrível, charmosas coleções de moda e uma gostosa sensação de aconchego e intimidade. Mas nem tudo é glamour: é na bruma leve do friozinho que o vírus da gripe se sente em casa.

O brasileiro se acha europeu quando o assunto é moda, turismo ou automóveis, mas se finge de índio quando o tema é vacinação, principalmente contra a gripe. Bora desmistificar esse nosso lado macunaímico!

Regra básica número 1 sobre vacinação: as vacinas que o SUS disponibiliza são aquelas indispensáveis, ou seja, questão de sobrevivência. Não se vacinar contra febre amarela e tuberculose, no Brasil, por exemplo, é suicídio. As doenças variam de um país para o outro. No hemisfério norte, essas aí não são relevantes.

Regra básica número 2: as vacinas do SUS geralmente são menos potentes ou menos seguras que da rede privada e, muitas vezes, em doses insuficientes ou apenas para uma determinada fração da população. A imunização contra a gripe resume alguns desses pontos.

Mas vamos falar da doença primeiro, antes de falar da vacina. Afinal, estamos no Brasil, né?!

As pessoas acham que gripe é um resfriado forte, mas é um grande engano. A gripe é uma doença grave, com alta taxa de morbidade (adoecimento) e mortalidade, principalmente nos tradicionais grupos de risco para qualquer doença (idosos, crianças pequenas e portadores de doenças associadas), mas também tem uma cruel atração por grávidas e puérperas.

Nessas pessoas as complicações (pneumonias etc) e a mortalidade são mais frequentes. E o SUS oferta a vacina de graça. É a Europa!

E é aí que entra o nosso lado tupiniquim: como não existe informação, as pessoas fora desses grupos de risco (risco do SUS, diga-se) acham que não necessitam de imunização contra a doença. E são justamente essas as que adoecem e engrossam as filas dos hospitais e as estatísticas dos obituários. É a Natureza Selvagem!

Quer saber mais sobre a gripe? Vem comigo!

Os vírus da gripe são altamente contagiosos; a incubação é rápida e a invasividade muito alta. Os vírus rapidamente penetram o endotélio das vias aéreas e se replicam, usando as células do paciente para reproduzir o seu material genético.

Este intenso processo inflamatório agudo gera quadros respiratórios graves com muita tosse, catarro, congestão nasal e ocular e eventual insuficiência respiratória aguda, mesmo em pessoas previamente hígidas.

Além dos sintomas respiratórios, há a toxemia geral: muita febre alta, dor de cabeça, garganta, nos olhos e no corpo todo, abatimento geral, perda do apetite e de peso, fraqueza muscular generalizada. A pessoa com gripe acha que foi atropelada e para pra ver, ouvir e dar passagem.

O cenário respiratório de pós-guerra é uma porta aberta para as temíveis infecções secundárias como as pneumonias (contra as quais também há vacinas melhores na rede privada). Em casos extremos, ocorre o óbito por complicações ou por colapso cardiopulmonar.

Se quiser ver um depoimento surreal sobre um adulto com gripe, veja o nosso post do Facebook e também no Instagram.

Há vários tipos de vírus da gripe e podemos resumi-los rapidamente da seguinte forma: Influenza tipo A (H1N1, H3N2) e Influenza B (Yamagata e Victoria). A vacina tetravalente da Imunovida tem sempre os 4 tipos de vírus. E a do SUS só tem 3.

A vacina é indicada para TODAS as pessoas acima dos 6 meses de idade, e aqui não tem essa de grupo! Risco é risco!

A vacina chegou na Imunovida faz tempo. Agora, o inverno está chegando. Corra que a gripe vem aí!